Rio  – A Petrobras anunciou ontem a descoberta de um campo gigante, com reservas de 600 milhões de barris de petróleo, na Bacia de Campos. É a maior descoberta no País desde o campo de Roncador, também em Campos, em 1996. O diretor de Exploração e Produção da empresa, José Coutinho Barbosa, disse que o reservatório ainda precisa de testes, por se tratar de óleo muito pesado, que é mais difícil de extrair, mas está otimista. “É uma descoberta muito importante”, afirmou. O campo está localizado ao norte da Bacia de Campos, no litoral do Espírito Santo.

O mercado de capitais reagiu de imediato à notícia. Na contramão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que caiu 3 20% ontem, num dia tumultuado devido à boataria de uma suposta renúncia do candidato José Serra (PSDB), as ações ordinárias (ON) da Petrobras subiram 3,53%, embaladas pelo anúncio feito no fim da manhã.

6% das reservas

A dimensão do campo corresponde a cerca de 6% das reservas nacionais de petróleo, hoje na casa dos 9 bilhões de barris de óleo equivalente (somado ao gás). O analista do Unibanco Research, Cleomar Parisi, destacou que a descoberta é de grande importância, já que supera a produção anual da empresa hoje em 566 milhões de barris por ano. “Essa notícia garante que a Petrobras poderá manter sua expansão no futuro”, disse o analista.

Segundo José Coutinho, apesar de o óleo ser pesado, a característica da rocha onde está armazenado é favorável e propicia uma boa vazão para o poço. O óleo do campo, ainda chamado de BC-60, tem classificação de 17.º API (medida americana de qualidade do petróleo). Para se ter uma idéia, o petróleo mais pesado produzido no Brasil, do campo de Marlim, tem 20.º API. O petróleo Brent, considerado padrão mundial de preços, está em torno de 35º API. Quanto menor o grau API, menos valor tem o óleo no mercado internacional, por ter custo maior de refino e produzir derivados menos nobres.

Atualmente, a Petrobras consegue extrair 6 mil barris de petróleo por dia do campo, mas estima que o primeiro poço terá uma vazão de 20 mil barris por dia, segundo Coutinho. A companhia ainda vai perfurar dois novos poços antes do início do teste de produção, que deve durar seis meses. “Só no final do ano poderemos ter uma noção melhor sobre a dimensão do reservatório”, disse o executivo.

O diretor da Petrobras não quis fazer uma estimativa, mas a perfuração de novos poços pode indicar um volume maior de reservas e um maior potencial de produção, na avaliação de especialistas. A própria Petrobras admite que a estimativa de 600 milhões de barris considera apenas a avaliação da parte principal do reservatório. Se confirmado este volume, o BC-60 terá o mesmo tamanho de Albacora Leste, uma das cinco principais jazidas da Petrobras, que vai começar a produzir no final de 2004, com capacidade total de 180 mil barris de petróleo por dia.

Seillean

A Petrobras vai utilizar o navio-plataforma Seillean, que já operou no campo de Roncador – onde naufragou a plataforma de produção P-36 -durante os testes de produção no BC-60. “Nesse período poderemos conhecer melhor o reservatório, além de já começar a ter receita com a venda do petróleo”, disse Coutinho.

Também será testado um novo equipamento de bombeamento submarino de petróleo. Esta tecnologia consiste em fazer o bombeamento do fundo do mar e não da plataforma, o que garante mais energia para levar o óleo do poço à superfície.

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