Petrobras “cerca” áreas de interesse

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) arrecadou R$ 665,37 milhões nos dois dias da Sexta Rodada de Licitações. O valor é o maior de todas as rodadas da agência. Ao todo, foram arrematados 154 dos 913 blocos oferecidos, sendo 89 em terra, 10 em águas rasas e 55 em águas profundas. A participação de empresas brasileiras também foi recorde: além da Petrobras, oito companhias levaram blocos.

O diretor-geral da Agência, Sebastião do Rego Barros, estima que sejam investidos R$ 2 bilhões, num período de dois a seis anos, nas áreas arrematadas para a fase de exploração. Dos investimentos previstos, R$ 242,6 milhões são para blocos em terra; R$ 1,46 milhão para blocos localizados em águas rasas e R$ 1,8 bilhão para blocos de água profunda.

Das 24 companhias habilitadas para participar do leilão, 19 fizeram lances. A Petrobras, entretanto, foi a grande estrela do leilão. A estatal arrematou 107 blocos, 69% do total vendido. Deste total, a empresa comprou 55 blocos sozinha e 52 com parceiros, em um investimento de R$ 437 milhões.

Nesta quarta-feira, foram oferecidos 501 blocos em 13 setores. Quatro deles não receberam ofertas. Dos nove restantes, foram arrematados 73 blocos, que foram parar nas mãos de 15 empresas.

Outro destaque da rodada foi o alto conteúdo nacional oferecido pelas empresas. Em muitos blocos, as empresas ofereçam 100% de conteúdo local. Também houve intensa competição nos blocos terrestres e marítimos.

Para Rego Barros, a rodada foi um sucesso, tanto para a ANP quanto para o Ministério das Minas e Energia (MME). Rego Barros aproveitou para mandar um recado para as empresas fornecedoras do setor:

“Recomendo as empresas fornecedoras de bens e serviços que preparem suas máquinas para produzir, que vem por aí uma grande demanda.”

O embaixador destacou o número expressivo de empresas que compareceram ao leilão, o que, segundo ele, é motivo de grande satisfação. Rego Barros parabenizou, ainda, a decisão do ministro Nelson Jobim, que cassou a liminar concedida na véspera do leilão pelo ministro Carlos Ayres Britto, suspendendo a eficácia de vários artigos da lei do petróleo.

“Foi uma excelente notícia. Tenho convicção que o STF saberá respeitar a lei (9478, de 1997), o que significa respeitar o Congresso Nacional e a sociedade brasileira”, disse.

Rego Barros rebateu ainda as críticas de alguns analistas de que o Brasil é um país instável, deixando muitas empresas com o pé atrás na hora de investir no País.

“Não compartilho dessa opinião. Temos que lutar para combater a fome e a miséria, mas respeitamos as leis e o processo democrático”, concluiu, dando por encerrada a Sexta Rodada de licitações da ANP.

Embora a secretária de petróleo e gás do Ministério das Minas e Energia, Maria das Graças Foster, já tenha admitido a possibilidade de que a Sétima Rodada não seja realizada no ano que vem, Rego Barros disse que a ANP já está trabalhando para a realização do leilão.

“Espero que aconteça em breve. Cabe à ANP trabalhar para isso. Não estarei mais como diretor-geral, mas podem estar certos que estarei torcendo para que a Sétima Rodada aconteça logo. Por mim, aconteceria logo em seguida a essa.”

Segundo Maria das Graças, a data da Sétima Rodada só será marcada após uma análise do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do potencial de hidrocarbonetos do Brasil, dos planos de avaliação das rodadas anteriores e do crescimento da economia e distribuição de renda.

Barril fecha a US$ 47,27

O barril do petróleo cru para setembro fechou ontem cotado a US$ 47,27, novo recorde para um fechamento na Bolsa Mercantil de Nova York. os temores de uma possível escassez de oferta do produto no mercado mundial pressionou o valor do barril durante o dia. O barril do cru também abriu em alta recorde, US$ 47,20. Durante o dia, o preço atingiu o maior preço da história do contrato futuro do barril em Nova York, US$ 47,35.

Os estoques de petróleo dos EUA caíram em 1,3 milhão de barris na semana encerrada em 13 de agosto, totalizando 293 milhões. Os dados foram divulgados pela EIA (Energy Information Administration, agência reguladora do Departamento de Energia dos EUA) nesta quarta-feira. Os estoques de gasolina, por sua vez, caíram em 2,6 milhões de barris, totalizando 205,7 milhões.

No Iraque, um grupo autodenominado Grupo de Ação Secreta do Exército Mehdi – grupo rebelde xiita ligado ao clérigo Moqtada al Sadr – reivindicou a autoria do incêndio provocado no domingo ao poço de petróleo na cidade de Amara, sul do País, e disse que irá atacar o principal oleoduto iraquiano, que abastece o terminal exportador de Basra, se as tropas americanas não cessarem o cerco à cidade sagrada de Najaf.

Governador Requião recebe apoios

Instituições ligadas a petroleiros enviaram ofícios em solidariedade ao governador Roberto Requião na questão do petróleo. A Federação Nacional dos Aposentados e Pensionistas e Anistiados do Sistema Petrobras (Fenaspe), que tem como afiliada mais de 15 Associações em todas as regiões do País e 70 mil associados, acredita que os governantes brasileiros têm muito a aprender com Requião. “Congratulamos Roberto Requião pela patriótica decisão em defender a Constituição Brasileira”, disse o presidente da Federação, Ailton Teles Moura.

O Movimento em Defesa da Economia Nacional (Modecom), por meio da sua presidente, Maria Augusta Tibiriçá Miranda, não se surpreendeu com a atitude de Requião em relação à defesa do petróleo brasileiro. “Já conhecíamos sua participação cívica na defesa do nosso petróleo desde os tempos em que participava de atos públicos pelo monopólio estatal do petróleo”, confirmou. Maria Augusta lembrou que a luta pelo petróleo nacional além de permanente, é anterior a criação do monopólio estatal. “Estamos atravessando uma fase difícil, mas contamos com brasileiros como Requião e a mobilização do povo para prosseguir lutando em defesa da nossa economia e da soberania nacional”, concluiu.

A Associação dos Aposentados Pensionistas do Sistema Petrobras (Petros) no Nordeste pediu a Requião que continue a luta pelos direitos do povo brasileiro. “Nos sentimos orgulhosos com a decisão histórica e patriótica do ilustre homem público, Roberto Requião, em defesa da soberania nacional e de nossos recursos petrolíferos”, disse trecho do ofício enviado ao governador.

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