Desgastada por denúncias de corrupção e com o caixa deteriorado, a “nova Petrobrás”, do presidente Aldemir Bendine, encerra 2015 ainda em crise, em busca de parceiros que assumam parte de seus investimentos na área de Exploração e Produção (E&P). A petroleira vai contar com a ajuda de sócias, em 2016, para avançar com projetos e evitar o declínio da produção de petróleo.
A venda de parte do patrimônio é outra aposta para engordar o caixa, mas a estratégia é desacreditada pelo mercado, por causa do fracasso do plano de desinvestimento no passado.
O ano de 2015 foi o primeiro da gestão de Bendine. Das mãos da antecessora Graça Foster ele recebeu uma companhia sem balanço financeiro anual auditado, o qual só veio a ser divulgado em abril deste ano, com quase cinco meses de atraso.
A mudança de gestão, porém, não foi suficiente para evitar a deterioração da Petrobrás. Desde que o nome de Bendine foi aprovado pelo conselho de administração, no dia 6 de fevereiro, até hoje, o valor de mercado da companhia caiu 20%, tendo passado de R$ 127,5 bilhões para R$ 101,6 bilhões, segundo dados da consultoria Economática com base no pregão de ontem. A queda é praticamente a metade da variação registrada no último ano da administração de Graça. Em 2014, o valor de mercado da petroleira caiu 40,61%.
Comparado com a fase em que esteve mais bem avaliada, em maio de 2008, pouco após o Brasil receber o “grau de investimento” em sua nota de risco pela agência Standard & Poor’s (S&P), o tombo da Petrobrás, neste fechamento de ano, é ainda maior, de quase 80%. Hoje, se fosse obrigada a pagar de uma única vez a totalidade da sua dívida líquida, de R$ 402,3 bilhões, a empresa teria de reunir dinheiro equivalente a quase quatro vezes o seu valor de mercado.
Desde que assumiu, Bendine afirma que vai precisar de pelo menos quatro anos para arrumar a casa. Hoje, sem recursos e pouco avançando no plano de desinvestimentos, ele considera, até mesmo, abrir mão de fatias de áreas onde explora e produz petróleo e gás natural para petroleiras das quais já é sócia, segundo executivo da companhia que preferiu não se identificar. Em troca, a Petrobrás quer ter a garantia de que as sócias vão investir por ela e que, assim, os projetos não vão parar.
Outra possibilidade é não mexer em nada nas participações acionárias das áreas de exploração e produção, mas, ainda assim, convencer as petroleiras parceiras a investirem por ela, com a promessa de que serão recompensadas no futuro, em uma fase mais avançada dos projetos, quando estiverem amadurecidos a ponto de contribuir com a geração de caixa.
A principal dificuldade da Petrobrás, hoje, é investir na fase de exploração, de estudo e análise do tamanho das reservas e da viabilidade econômica dos blocos. Nessa etapa, nenhum óleo é retirado e nenhum centavo entra no caixa da companhia, apenas sai. É para vencer esse período, principalmente, que a petroleira precisa da ajuda de parceiras.
A modalidade de venda de participação de áreas exploratórias faz parte das negociações que a Petrobrás tem mantido com petroleiras do mundo todo para conseguir ultrapassar a crise, disse a fonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.