São Paulo – O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, admitiu ontem a possibilidade de a companhia ser indenizada com gás natural pela Bolívia em razão da estatização das refinarias naquele país. ?Para nós, gás natural também é dinheiro. Se propuserem nos pagar desta forma, iremos analisar?, disse. Gabrielli, no entanto, não especificou em que condições se dariam o pagamento via gás natural, porque a proposta ainda não teria sido apresentada pelo governo boliviano. O executivo afirmou que a preferência da companhia é receber em dinheiro os US$ 112 milhões acordados entre as partes como indenização pela estatização. ?Esperamos que o acordo seja pago em dinheiro?, afirmou. O presidente da Petrobras confirmou que o ressarcimento pelos ativos se dará em dois pagamentos.
A oferta de gás natural boliviano está muito próxima da demanda interna e externa pelo combustível, segundo o presidente da Petrobras. ?A Bolívia precisará atrair investimentos para atender aos seus compromissos?, afirmou o executivo, durante a quinta edição do evento Gas Summit.
De acordo com Gabrielli, a atual capacidade de produção da Bolívia está na casa de 40 milhões de metros cúbicos diários. Entretanto, o Brasil importa desse volume 24 milhões e tem perspectivas de expandir para 30 milhões de metros cúbicos diários. O país vizinho também exporta entre 6 a 7 milhões de metros cúbicos por dia para a Argentina, sendo que já possui acordo firmado para que a venda alcance 27 milhões. Além disso, a demanda interna está por volta de 4 milhões de metros cúbicos por dia. ?Para cumprir os dois contratos, a Bolívia precisará investir em atividade exploratória?, avaliou.
Atualmente, a estatal brasileira produz 17 milhões de metros cúbicos por dia de gás em solo boliviano. Gabrielli estimou que só para manter esse nível serão necessários US$ 200 milhões em 30 anos.