Fotos: João de Noronha

José Renato, do Prominp e João Adolfo, gerente-geral da Repar : oportunidades.

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O Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), do Ministério de Minas e Energia (MME), lança nesta quarta-feira (7) edital do processo seletivo do segundo ciclo do Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNPQ), voltado para profissionais de nível superior e técnico. As 5.385 vagas oferecidas em todo o País – 468 delas no Paraná – têm por objetivo preparar mão-de-obra para atuar na indústria de exploração e produção de petróleo e gás, abastecimento e transporte dutoviário e marítimo.  

De acordo com a Petrobras, existem atualmente 163 categorias profissionais requeridas para implantação de empreendimentos do setor de combustíveis, demandando quase 113 mil profissionais qualificados em níveis básico, técnico, médio, inspetor e superior – os quais serão treinados ao longo dos próximos dois anos pela multinacional.

Nesta etapa, o programa pretende preencher 2.748 vagas com pessoal de nível superior em 43 categorias profissionais, exigindo como pré-requisito mínimo que o candidato seja formado em curso de graduação, especialmente Engenharia. Apenas para as categorias de Gerente e Chefe de Obra é que os candidatos devem ter, além da graduação, uma experiência profissional anterior. Já os de nível técnico, que serão treinados para a função de inspetores, têm a disposição 2.637 vagas – neste caso, a exigência para a maior parte das categorias é que o candidato tenha formação técnica e algum tempo de experiência na função, exigido em menor proporção quanto maior for o nível de formação.

O processo seletivo será feito em onze estados, no dia 15 de abril, tendo início os cursos a partir do dia 21 de maio. A duração do treinamento de nível superior será de, no mínimo, 360 horas, e de inspetores 240 horas, ambos variando de acordo com a categoria profissional escolhida. Os cursos serão realizados em quinze cidades: além de Curitiba, Belo Horizonte (MG), Itajaí (ES), Manaus (AM), Mossoró (RN), Nova Iguaçu (RJ), Paulínia (SP), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP), São José dos Campos (SP), São Paulo (SP) e Vitória (ES). Vale lembrar que os cursos serão realizados no local onde as provas forem aplicadas.

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Na capital paranaense, a Petrobras espera treinar 223 inspetores e 245 profissionais de nível superior, sendo o Paraná um dos estados que mais oferecem vagas, ficando atrás apenas de São Paulo (2.258) e Rio de Janeiro (1.528 vagas totais). As inscrições ficam abertas de 12 a 23 de março e devem ser feitas apenas pelo site do Prominp: www.prominp.com.br.

A taxa é de R$ 32,00 para inspetor e R$ 48,00 para nível superior. Os aprovados desempregados nessa fase receberão uma bolsa-auxílio no valor de R$ 600,00 mensais para inspetor e R$ 900,00 para nível superior. Todas as informações sobre os cursos oferecidos podem ser obtidas no edital do processo seletivo, que ficará disponível para consulta e download no site do Prominp.

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Não basta demanda e recursos, mão-de-obra é vital

O coordenador executivo do Prominp, José Renato Pereira de Almeida, esteve em Curitiba esta semana para fazer um apelo ao mercado profissional paranaense: o petróleo e o gás necessitam urgentemente de mão-de-obra qualificada para que os investimentos previstos pela Petrobras no País se efetivem conforme planejado. Somente no qüinqüênio 2007-2011, a empresa prevê aplicar no mercado doméstico uma média anual de US$ 75 bilhões, dos quais US$ 15 bi serão destinados a investimento com pessoal.

A idéia da estatal é apostar as fichas em mão-de-obra local. ?Não há mais alternativa: ou a gente prepara a indústria para produzir aqui ou vamos ter de trazer de fora, o que não é nossa pretensão. Pretendemos desenvolvê-la de maneira que possa prover bens e serviços de forma competitiva?, expõe o coordenador.

Almeida traça ainda o panorama histórico que deu origem a este desafio. Até a década de 70, o principal foco da empresa era voltado à área de refino porque a maior parte da matéria-prima, o petróleo, era importada. ?Já nos anos 90s, com os parques estruturados, passamos a investir em exploração e produção?, recorda. Foi nessa época que a indústria offshore foi mais requisitada, quando percebeu-se que a local não estava dando conta de prover os bens e serviços necessários ao desenvolvimento.

Só que o equilíbrio de investimentos nos anos mais recentes, entre as atividades de refino, produção e também transporte, seja por dutos ou navios, tem encurralado a Petrobras no sentido de dar conta de responder ao recado da demanda o que está diretamente ligado a ter gente preparada para o serviço. ?Tanto que nosso plano atual de negócios (os US$ 75 bi acima citados) é o triplo que o traçado em 2003, o que torna nosso desafio também três vezes maior no sentido de capacitar a indústria?, enfatiza.

Os gráficos desse mesmo plano mostram que a capacidade de produção está ainda muito aquém do perfil da demanda. Por isso, em todo o Brasil o Prominp espera prover em quatro ciclos, até 2008, o treinamento de 112.625 pessoas em 6.325 turmas de 911 cursos diferentes. Só no Paraná há necessidade de treinamento de 9.142 pessoas.

A questão agora é ocupar essas vagas. No primeiro ciclo de seleção pública, para concorrer às 240 cadeiras oferecidas em Curitiba para nível superior, por exemplo, houve 309 inscritos. Duzentos e setenta e quatro compareceram para participar do processo e somente 145, dentre os classificados presentes, foram alocados nas vagas: 40% delas deixaram de ser preenchidas, ficando seis cursos sem nenhuma turma.

Em São Paulo foi bem pior, com a não-ocupação de 63% das vagas e 15 cursos sem turmas. Também nos cursos oferecidos para níveis básico, técnico, médio e inspetores, os paranaenses deixaram de ocupar 34% das vagas quadro que o coordenador espera reverter nesta próxima etapa.

?Para isso, além de ir diretamente às empresas de engenharia, criamos também a categoria de aluno público, na qual é possível subsidiar uma bolsa para os desempregados, além do valor do curso; no caso das categorias que exigem experiência, implantamos programas de estágio e trainee.

Para estimular todos os profissionais à permanência na empresa, a Petrobras conta ainda com programas seqüenciais de qualificação seguindo um plano de carreira. Percebemos que não basta ter demanda e recursos. Precisamos de projetos no Brasil feitos por brasileiros e no Paraná, por paranaenses.?