As instituições financeiras ouvidas em pesquisa semanal do Banco Central (BC) elevaram suas projeções do IPCA para o ano de 6,50% para 6,59%. Com o aumento, as estimativas ficaram cerca de 1,5 ponto percentual acima da meta de 5,5% estabelecida pelo governo, o que pode levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a repetir a dose de cautela da reunião de maio e manter os juros em 16% na reunião da próxima semana.
A expectativa de alta também contagiou as previsões de IPCA para 2005, que passaram de 5,30% para 5,37% e ficaram também mais distantes do centro da meta de 4,5% do próximo ano. O regime de metas de inflação adotado pelo BC, no entanto, admite uma variação de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Neste ano, portanto, o IPCA pode variar entre 3% e 8% sem risco de descumprimento das metas fixadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em 2005, o índice pode ficar entre 2% e 7%.
Com a piora das expectativas de inflação, os bancos consultados pelo BC elevaram de 14,50% para 14,75% as estimativas da taxa básica de juros (Selic) para o final do ano. Com isso, o espaço de queda dos juros para o restante do ano, na estimativa do mercado, foi reduzido do 1,5 ponto percentual da pesquisa anterior para 1,25 ponto percentual. As previsões de juros para o fim de 2005 se ajustaram a este aumento e passaram de 13% para 13,25%.
As previsões de IPCA em 12 meses seguiram tendência semelhante e subiram de 6% para 6,09%, ficando mais longe dos 5,1% da trajetória calculada pelo BC para o cumprimento das metas.
Na ata da última reunião do Copom, o BC chegou a ressaltar a importância de observar o comportamento da inflação em 12 meses. “Trata-se de um horizonte cujos resultados serão mais sensíveis às decisões de política monetária tomadas ao longo dos próximos meses do que os do ano-calendário de 2004, sendo ao mesmo tempo um horizonte coberto por projeções de inflação mais confiáveis do que as já disponíveis, com tanta antecedência, para o ano-calendário de 2005”, diz o texto da ata.
Também pioraram as projeções de IPCA para o meses de maio e junho. Nos dois casos, as estimativas aumentaram de 0,50% para 0,52%. As previsões de crescimento econômico para este e o próximo ano, em contrapartida, ficaram estáveis em 3,50% para ambos os períodos.