São Paulo
(AE) – Há uma forte onda de pessimismo no mercado financeiro e os analistas a atribuem a fatores técnicos e conjunturais. No primeiro grupo, a crise das LFTs, a continuidade dos saques nos fundos, o prejuízo dos bancos com o FRA de cupom cambial e o fluxo negativo de moeda estrangeira, entre outros. No segundo, as incertezas eleitorais decorrentes da possibilidade de alternância no poder a partir de 2003.Como nos últimos dias não houve novidades negativas, aos olhos do mercado, em relação às eleições – pelo contrário, pesquisas seguidas mostraram o descolamento do candidato governista no segundo lugar -, os analistas dizem que o repique do estresse nos últimos dias é explicado, sobretudo, por fatores técnicos de ajuste.
Para o economista-chefe do JP Morgan, Luís Fernando Lopes, as provisões que os bancos fizeram para as perdas com as LFTs – vale lembrar que a marcação a mercado das LFTs também vale para a carteira dos bancos – e o FRA de cupom cambial aparentam ser menores que o tamanho do prejuízo. O resultado disso nos balanços das instituições é a redução de seu patrimônio líquido, deixando-as desenquadradas na exposição de risco.
“Os bancos começam então a se desalavancar no mercado, criando todo esse ajuste que estamos vendo”, comenta Lopes, para quem o estresse de ontem não teve como principal motivo os boatos sobre o rebaixamento do Brasil ou a fraca demanda pelas LTNs curtas ofertadas pelo Banco Central. O câmbio é um dos segmentos mais afetados. Também alimenta esse nervosismo a digestão – ainda incompleta, na visão de alguns analistas – dos fundos de investimento da antecipação do “market to market” para as LFTs.
TRF absolve acusado de evasão
A 7.ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4.ª Região absolveu no último dia 11 de junho, por unanimidade, Nabi Kemmel Mellem, sócio-proprietário da Corretora Dourada, de Curitiba. Ele havia sido condenado pela 1.ª Vara Federal Criminal da capital paranaense pelo crime de evasão de divisas. Através de importações fictícias, Mellem teria, junto com outros denunciados, enviado mais de 936 mil dólares para o exterior.
Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Mellem e mais três acusados teriam, em 1989, simulado importações para promover a transferência de dólares do Brasil para uma conta bancária no Paraguai.
O objetivo da operação, conforme a denúncia, seria a obtenção, para a corretora de Mellem, de câmbio de dólares pelo preço oficial que, na época, apresentava um deságio de aproximadamente 70% em relação ao paralelo. Desse modo, a corretora recebia, através da conta bancária da empresa paraguaia, os dólares depositados pelo Banco Central (que é o órgão que efetiva a importação, recebendo do comprador o valor dos bens em moeda nacional e repassando-o para o vendedor, em dólares).