Pesquise antes de assumir plano de saúde

As pesquisas de preço não se aplicam apenas nos momentos de compras no comércio. O consumidor precisa também estudar os valores e as vantagens na hora de escolher um plano de saúde. A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) do Paraná orienta o futuro usuário de planos de saúde a pesquisar preços e ficar atento em alguns itens de contrato.

Cila Mendes dos Santos, advogada do Procon, afirma que o consumidor deve, em primeiro lugar, fazer pesquisa de preço e consultar a cobertura do plano de saúde. ?É preciso colocar na balança e fazer a relação custo x benefício?, explica. Outros pontos importantes que precisam ser observados são o prazo de carência e a relação de doenças pré-existentes.

Um fator polêmico é o reajuste. Há muitas reclamações sobre as alterações de valores conforme se muda de faixa etária. Mas, independentemente disso, os preços dos planos de saúde são questionados pela população. A assistência médica suplementar virou alvo constante da fúria dos usuários por este motivo. Muitas pessoas argumentam que os índices propostos pelos planos são acima da inflação do período. As administradoras de planos de saúde expõem os motivos para os reajustes serem dentro desses parâmetros.

O diretor-geral do plano Saúde Ideal, Henrique Barbosa Corrêa, conta que o reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) – que deste ano é de 8,89% – é contestado por ser superior ao índice de inflação geral do período. Ele explica que a variação da inflação médica é superior em comparação a de outros grupos, como a alimentação.

Diversos itens influenciam e determinam o reajuste, como a utilização de novos equipamentos e materiais. Esse fator incide bastante na inflação médica, segundo Corrêa. ?Procuramos fazer uma introdução gradual para que não haja um grande impacto no custo?, afirma. Outro item que pesa bastante no reajuste é o preço dos medicamentos. Alguns remédios, como os relacionados com oncologia, são extremamente caros. Corrêa ainda destaca o pagamento e reajustes de salários dos funcionários.

O diretor conselheiro do Grupo Clinihauer e ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Joelson Zeno Samsonowski, considera o número de excessivo de exames complementares e de diagnóstico como um dos fatores que incidem na inflação médica e no conseqüente reajuste do plano. ?Isto faz com que os custos fiquem muito inchados. E quase metade dos exames feitos não são retirados, o que prova que seriam exames desnecessários. Mas o custo fica?, esclarece.

Para Samsonowski, as desnecessárias internações hospitalares e o envelhecimento da população também necessitam ser incorporados nos custos das operadoras. ?Nossa carteira de clientes está envelhecendo cada vez mais. A população acima dos 60 anos exige mais dos planos?, argumenta. Ele também destaca o ressarcimento feito para o Sistema Único de Saúde (SUS) caso um cliente dos planos privados use a rede pública em qualquer situação. ?Isto é inconstitucional. Já entramos na Justiça contra isto. A quantia que seria ressarcida em quatro anos chega a R$ 1 bilhão. Foram pagos R$ 51 milhões porque os planos entraram na Justiça?, explica.

Reajustes não suprem necessidades

Os administradores de planos de saúde reiteram que o reajuste autorizado pela ANS não consegue suprir as necessidades e cobrir todos os custos de operacionalização. Por isso, o segmento precisa se desdobrar para colocar as contas em dia e ainda ter lucro. Eles também esclarecem que os planos são suplementares, ou seja, alternativas ao sistema público de saúde. ?Por ser suplementar, não possuem a mesma característica do sistema gratuito. É um sistema opcional, regido pelas leis de mercado. A partir do momento que se entra no suplementar, é preciso entender que o usuário não está no SUS. Está em uma área com regras de mercado. As pessoas podem fazer pesquisa de preço, como em qualquer produto básico. A população, às vezes por desinformação, ouve apenas uma parte da história?, comenta Henrique Barbosa Corrêa, do plano Saúde Ideal.

Na opinião de Joelson Zeno Samsonowski, do grupo Clinihauer, atualmente existe um uso indiscriminado do plano de saúde. Os usuários deveriam se conscientizar que, caro ou não, o plano de saúde é um seguro. ?As operadoras são instituições de saúde, mas também financeiras, idênticas a qualquer ramo produtivo?, compara.

O superintendente da Amil no Paraná, Cássio Zandoná, explica que o impacto dos valores dos planos de saúde está diretamente relacionado com a condição econômica do País. Para ele, este é o principal desafio do segmento. ?O Brasil possui uma medicina de primeiro mundo, mas o investimento é de US$ 240 per capita, enquanto nos Estados Unidos se gasta US$ 5.600 para ter a mesma qualidade. As pessoas acham que pagam muito caro pelo benefício que têm, porque não conseguem acompanhar economicamente. O plano pode ser caro para uma pessoa que usa pouco. Mas é como uma poupança coletiva?, classifica.

Zandoná acredita que a situação pode ser alterada após uma mudança cultural, na qual os planos deixam de ser pagadores para se tornarem promotores de prevenção. ?É preciso investir mais em prevenção do que em tratamento, para as pessoas ficarem menos doentes. Outra saída passa pela situação econômica do País, para que a saúde deixe de ser tão impactante no orçamento. Tudo isso é um processo que leva algum tempo para acontecer?, declara.

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