As 40 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) espalhadas pelo Brasil ficaram praticamente inativas durante todo o dia de ontem.
Os cerca de oito mil funcionários da estatal realizaram uma paralisação com o objetivo de conquistar maiores índices de reajuste salarial.
No Paraná, trabalhadores da Embrapa Florestas, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, permaneceram de braços cruzados e, dias antes, entregaram uma carta de sensibilização a autoridades públicas municipais e estaduais. Em Londrina, na Embrapa Soja, os trabalhadores permaneceram em frente à unidade durante duas horas e realizaram uma assembléia.
O reajuste salarial reivindicado pelos funcionários é de 12%, relativo a perdas acumuladas durante os últimos dez anos, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Este ano, segundo a vice-presidente da seção sindical da Embrapa Londrina, Silvana Marin, já foram realizadas sete rodadas de negociações com o governo federal. Porém, não houve acordos.
?O governo estava nos oferecendo 4% de reajuste. Em uma reunião realizada na tarde da última terça-feira, aumentou a proposta para 5,4%. Entretanto, esse índice ainda está muito abaixo do que desejamos?, afirma.
?Temos uma defasagem salarial grande. Porém, o balanço social da Embrapa aponta que, nos últimos dez anos, o retorno dado à sociedade foi de R$ 88 bilhões. Para cada R$ 1 investido em pesquisa agropecuária, o retorno à sociedade é de R$ 13. Isto é bastante significativo e mostra que a Embrapa é uma empresa estratégica e que seus funcionários precisam ser valorizados.?
Silvana comenta ainda que, em relação aos funcionários de outras instituições públicas federais, os trabalhadores da Embrapa recebem salários com defasagem que varia de 70% a 100%.
Dentro da empresa, existem três níveis: os assistentes (de níveis fundamental e médio), cujo salário é R$ 650,00; os analistas (nível superior), que recebem R$ 2.600,00; e os pesquisadores, que podem ter mestrado (R$ 3.600,00) ou doutorado (R$ 4.700,00).
?O governo tem feito diversos elogios aos trabalhos realizados pela Embrapa, reconhecendo-a como uma instituição fundamental. Entretanto, nos vira as costas no momento de traduzir os elogios em reajuste efetivo e ganhos reais. O discurso é um e a prática é outra?, conclui a presidente da seção sindical da Embrapa Florestas, Vera Eifler.