A maioria dos empresários industriais paranaenses está otimista em relação ao ano de 2003. Dos 490 entrevistados na sétima “Sondagem Industrial” realizada pela Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) e Sebrae/PR (Serviço de Apoio à Pequena Empresa no Paraná), 77,72% têm expectativas favoráveis para o próximo ano, 15,88% estão indefinidos e 6,41% se mostraram desfavoráveis. O percentual de respostas positivas, entretanto, ficou abaixo do registrado nas pesquisas anteriores (78,67% para 2002 e 81,40% para 2001).
Embora considere cedo para se tirar quaisquer conclusões sobre o rumo que o novo governo vai seguir, o presidente da Fiep, José Carlos Gomes Carvalho, espera que “a arduamente conquistada estabilidade não se perca e que se consiga finalmente reduzir o fardo fiscal suportado pela indústria, o que significa que preocupações sobre produtividade e qualidade devem continuar integrando o cardápio de providências do empresariado”. Para 76,83% dos empresários consultados, o custo Brasil é o principal fator que dificulta a competição e as relações econômicas do mercado interno, seguido dos encargos sociais elevados. Em 2001, 63,01% consideravam a carga tributária o principal problema no panorama empresarial.
Entre os otimistas, 36,51% dos empresários farão novos investimentos, 39,48% projetam aumento das vendas mas apenas 24,01% prevêem geração de mais empregos. Já entre os pessimistas, 51,39% não farão novos investimentos em 2003, 22,22% acham que haverá redução de postos de trabalho e 26,39% estimam queda nas vendas.
A satisfação do cliente foi apontada pela ampla maioria (72,50%) como a estratégia de maior importância para a empresa no próximo ano. Também foram citados: inovação e desenvolvimento de produtos, desenvolvimento de negócios, e flexibilidade para incorporar novos produtos à linha. De acordo com o levantamento, 59,08% dos investimentos serão destinados à qualidade, seguida de produtividade, desenvolvimento de produtos e modernização tecnológica. Recursos próprios serão utilizados por 83,09% dos industriais nos novos investimentos.
Resultados
No ano de 2002, 11,69% dos empresários paranaenses não registraram aumentos de produtividade – contra 9,59% em 2001 e 13,11% em 2000. Em 95, esse número foi 23,49%. As principais causas dos ganhos de produtividade foram o melhor gerenciamento de pessoal e a modernização tecnológica. Em relação à qualidade, 71,82% detectaram melhora significativa dos produtos nos últimos anos, porém 56,16% dos entrevistados ainda não possuem certificado de qualidade; 15,24% estão implantando.
A metade dos entrevistados afirma ter ganhado competitividade em 2002, apenas 3,16% registraram perdas nesse quesito. Porém apenas 11,90% disseram não ter nenhuma dificuldade de inserção no mercado externo. 29,44% das empresas considera ter produtos aptos para concorrer internamente com produtos importados, 26,93% pretendem penetrar no mercado internacional e 20,88% estão capacitadas para exportação.
Quanto ao estágio tecnológico, 60,8% das indústrias do Paraná se encontram em dia com o patamar nacional; 12,37% se consideram adiantadas e 21,83% defasadas. No mercado internacional, 58,65% se considera defasada, 33,97% em dia e 2,74% adiantada. Para enfrentar a concorrência nacional e internacional, as principais estratégias são enxugamento de custos, qualificação pessoal, lançamento de novos produtos, novos mercados e novas tecnologias. 93,94% dos consultados usam recursos da internet, sendo que 47,81% das empresas têm páginas na rede. Mas somente 8,77% trabalham com comércio eletrônico.
Setor não prevê mudanças
Olavo Pesch
Os industriais paranaenses projetam um cenário estável para a economia brasileira em 2003, sem grandes mudanças no comportamento do câmbio e da taxa de juros básica da economia. É o que indica a 15.ª Pesquisa Célere, divulgada ontem pelo Departamento Econômico da Fiep. Para 52,44% dos empresários consultados, a Selic deve se manter na faixa de 21 a 25% (atualmente a taxa é de 22% ao ano). 21,95% espera que a taxa fique entre 16% e 20%, enquanto 17,07% projetam que os juros passarão de 25%. A grande maioria acredita que o dólar fique acima de R$ 3,50: 24,69% projetam cotação entre R$ 3,51 a R$ 3,75 e 23,46% entre R$ 3,76 e R$ 4,00. Mas 40,74% estima que o câmbio caia para R$ 3,25 a R$ 3,50.
Quanto à inflação, a maior parte dos entrevistados (43,90%) acredita em variação de 11% a 15%, mas um percentual elevado (29,27%) aposta em inflação superior a 15%. Porém 24,39% estima resultados entre 6% e 10%. Quase 50% dos pesquisados esperam um bom ou ótimo governo Lula, enquanto 40,24% acreditam em desempenho regular e cerca de 10% imaginam uma administração ruim ou péssima. Em relação à gestão de Roberto Requião, 45% assinalaram bom e ótimo, 41,46% esperam um governo regular e mais de 13% responderam mau e péssimo.