Pesquisa mostra que setor produtivo espera estabilidade

O setor produtivo espera que a economia fique estável neste ano, ou seja, que não haja crescimento, segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com 115 entidades ligadas à indústria, à agropecuária, aos serviços e comércio e aos trabalhadores.

A pesquisa mensal Sensor Econômico abrange 80% dos responsáveis pelo Produto Interno Bruto (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país.

Segundo a pesquisa, em maio deste ano todos os setores pesquisados apontaram na direção de que não haverá crescimento do PIB neste ano.

“Contudo, é importante afirmar que nenhum setor demostrou acreditar que o ano seja de recessão. Aliás, ao contrário, sugerem esperanças de bom desempenho quanto ao produto agrícola e de comércio e serviços”, revela o Ipea em publicação.

A confiança na recuperação da economia brasileira foi observada nas respostas às perguntas sobre as perspectivas para os próximos 12 meses. Para compor o Sensor Econômico, são enviados aos pesquisados questionários com 24 perguntas objetivas, na segunda semana de cada mês.

Cada uma das questões apresenta cinco cenários possíveis que vão do otimismo (+ 100 pontos) ao pessimismo (-100 pontos). Na pesquisa feita em maio, o sensor subiu para + 7,79 pontos, o melhor resultado desde janeiro deste ano, quando começou a série.

A pontuação mostra que “embora o indicador ainda permaneça na zona de apreensão, o comportamento das expectativas aponta para a possibilidade de, em outubro, o setor produtivo superar o medo e tornar-se confiante”, diz a publicação. Segundo a metodologia da pesquisa, na escala de +20 a -20 há apreensão.

O presidente do Ipea, Márcio Pochmann, esclareceu que a previsão de estabilidade do PIB é dos entrevistados e não do instituto.

“Teremos um crescimento acima de zero, mas ainda é cedo para fazer uma previsão. Sabemos que o segundo semestre será melhor do que este”, disse.

A previsão do Ipea de crescimento de 2% neste ano deve ser revisada. Segundo Pochmann, para o primeiro trimestre de 2009, o Ipea projetava crescimento de 0,2%, em relação aos três últimos meses de 2008, mas houve retração de 0,8% de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Pochmann, a economia brasileira está em recessão fundamentalmente por conta do setor industrial, que mais sofreu com a crise financeira internacional. Ele lembrou que o setor representa cerca de 30% do PIB e 22% da ocupação no país. Para ele, a recuperação da indústria não depende somente de medidas adotadas no Brasil, mas também no exterior, uma vez que há corporações transnacionais operando no país.

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