A Prefeitura termina até o final deste mês uma pesquisa que medirá o impacto socioeconômico do Linhão do Emprego, programa de geração de emprego e renda implantado ao longo de um eixo de 34 quilômetros que corta 18 bairros da cidade. Trinta pesquisadores estão percorrendo três dos 10 pólos criados para dar sustentação ao programa, o do Bairro Alto, o do Capão da Imbuia e o das Indústrias, na CIC.
Os outros sete pólos -Uberaba, Pinheirinho, Fazendinha, Moradias da Ordem, Boqueirão, Bairro Novo e Isaac Ferreira da Cruz – foram visitados de julho a novembro do ano passado. Todos os dados coletados serão comparados aos obtidos em levantamento realizado em 1997, um ano antes da implantação do Linhão.
O programa Linhão do Emprego foi concebido pelo prefeito Cassio Taniguchi para incrementar a economia dos bairros. Além da construção de barracões empresariais foram feitas obras de infra-estrutura, como pavimentação, construção de escolas, creches e postos de saúde. Ele foi implantado em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Temos fotos do antes e do depois que nos mostram mudanças significativas nessas regiões”, diz Camilo Sommavilla, chefe do setor de pesquisa do Ippuc, responsável pela coordenação dos trabalhos.
A tabulação dos dados só deverá ser concluída em 2004, mas análises preliminares mostram crescimento de 10% das atividades econômicas no pólo Fazendinha e de 49,5% no pólo Moradias da Ordem.
Por ramo de atividade, o setor de serviços foi o campeão, com crescimento médio de 35,2%. O destaque, mais uma vez, ficou com o Moradias da Ordem, onde o crescimento do setor foi de 68,7%. “Com o levantamento queremos mostrar o real impacto do programa”, disse Rita Maria Alves de Lima, do grupo de apoio técnico do Linhão.
Em 1997 os pesquisadores anotaram todas as atividades econômicas existentes, formais e informais, e a ocupação dos lotes. No ano passado eles começaram a percorrer os mesmos lugares, anotando tudo o que encontravam.
Depois foram feitas entrevistas em 30% dos locais visitados. Funcionários de empresas também foram ouvidos. Trabalho semelhante está sendo feito agora nos três últimos pólos. Com o resultado será possível conhecer o perfil econômico de cada região.
Mercosul busca recuperar credibilidade
A nomeação do ex-presidente argentino Eduardo Duhalde como presidente do Mercosul e sua viagem ao Oriente Médio juntamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são iniciativas que visam a devolver credibilidade e protagonismo ao bloco comercial, opinaram analistas.
Duhalde foi designado em outubro passado presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), cargo que assumirá no próximo dia 16, com um mandato de dois anos e sede em Montevidéu. Na última terça-feira, ele partiu com o presidente Lula para uma viagem à Síria, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Egito e Líbia.
Juan Gabriel Tokatlian, diretor de Relações Internacionais da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires, disse à AFP que a criação do órgão “foi o primeiro gesto relativamente ponderado e sensato (do Mercosul) depois de um longo tempo (…) Ponderado porque nos últimos encontros eram feitas propostas muito distantes do curto prazo, como a criação de um Parlamento regional ou de uma moeda única (…) Sensato porque não estabelece uma aparelhagem enorme, e porque funcionará no Uruguai, cujo governo jogou nos últimos anos com a tentação de desertar do Mercosul.”
Na véspera da viagem, Duhalde declarou que estava disposto a ?tirar a camisa? de seu país. “Não sou mais argentino, sou do Mercosul”, afirmou, acrescentando que atuará “sempre de maneira coordenada com os presidentes dos países do bloco.
Na Argentina, nem sempre se vê com bons olhos a vontade de liderança regional proclamada pelo governo Lula, que deseja obter para o Brasil uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. “O Brasil possui uma dimensão econômica e demográfica que lhe dará sempre um papel preponderante na região, mas não deve se deixar levar por uma ambição desmedida, uma vez que sua envergadura é menor que a de países como China e Índia”, alertou Tokatlian.