Apesar do comunicado divulgado após a reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) ter levantado a hipótese em parte do mercado financeiro de que o corte nos juros básicos poderia continuar, a mediana das estimativas para o patamar da taxa Selic em maio seguiu em 9% pela sexta semana consecutiva. A previsão, portanto, indica aposta em estabilidade do juro que atualmente já se encontra nesse patamar.
A partir deste momento, a taxa seguiria nesse mesmo patamar até o fim do ano para terminar 2012 em 9%. Ou seja, sem alteração nas reuniões de julho, agosto, outubro e novembro. A previsão é mantida pela sexta semana consecutiva.
Mas, para 2013, o mercado prevê que os preços em alta deverão exigir aumento do juro para conter a inflação. No próximo ano, o aumento da Selic começaria em abril, quando a taxa passaria para 9,50%. Depois, haveria outra alta, com Selic indo a 9,75%. O ciclo terminaria em julho com elevação para 10%. Dessa forma, o mercado espera que a taxa básica da economia retome a trajetória de alta no próximo ano até terminar dezembro de 2013 em 10% ao ano, com alta de 1 ponto porcentual.
A pesquisa mostra ainda manutenção das expectativas para o juro médio neste ano em 9,28% pela quinta semana consecutiva. Para 2013, foi reduzida a previsão de Selic média de 9,83% para 9,82%. Quatro pesquisas antes, analistas esperavam juro médio de 9,28% em 2012 e de 10% no ano que vem.
IPCA
O mercado financeiro não alterou suas projeções para o comportamento da inflação em 2012 e em 2013 na pesquisa Focus. No levantamento, a mediana das expectativas para o IPCA neste ano seguiu em 5,08%, mesma estimativa observada na pesquisa anterior e abaixo do visto há um mês, quando o mercado aguardava alta de 5,28% na inflação.
Para 2013, os números também não foram alterados e analistas esperam aceleração dos preços, com a inflação oficial em 5,50%, previsão repetida pela sexta semana consecutiva.
Sem mudança nas estimativas para os dois anos, a projeção de alta da inflação para os próximos 12 meses também não foi alterada e seguiu em 5,47%, conforme a projeção suavizada para o IPCA nos próximos 12 meses.
Nada mudou também nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus. Nesse grupo, a previsão para o IPCA em 2012 no cenário de médio prazo seguiu em 4,91%, abaixo da estimativa de todo o mercado. Para 2013, a previsão dos cinco analistas manteve-se em 5,40%. Há um mês, o grupo apostava em alta de 5,30% e 5,10% para cada ano, respectivamente.
Entre todos os analistas ouvidos pelo BC, a mediana das estimativas para o IPCA em abril teve ligeira elevação, de 0,53% para 0,54%, acima do 0,50% previstos há um mês. Para maio, a previsão seguiu em 0,47% pela quarta semana seguida.
IGP-DI, IGP-M e IPC
As projeções para os IGPs em 2012 voltaram a subir. No levantamento divulgado nesta segunda-feira, a aposta para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) neste ano avançou de 4,89% para 5,05%. Para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que corrige a maioria dos contratos de aluguel, a expectativa subiu pela sétima semana seguida, de 4,84% para 4,91%. Quatro semanas atrás, o mercado previa altas de 4,88% para o IGP-DI e de 4,64% para o IGP-M.
Para 2013, porém, as previsões não foram alteradas. A estimativa de alta para o IGP-DI seguiu em 4,90% pela terceira semana seguida. Para o IGP-M, a expectativa manteve-se em 4,95%. Há um mês, a aposta para a inflação em 2013 era, respectivamente, de 4,64% no IGP-DI e de 4,95% no IGP-M.
A pesquisa também mostrou que a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em 2012 voltou a cair e passou de 4,36% para 4,34%. Há um mês, a expectativa dos analistas era de alta de 4,59% para o índice que mede a inflação ao consumidor em São Paulo. Para 2013, a mediana das estimativas para o IPC da Fipe manteve-se em 4,85%, ante idênticos 4,85% estimados há um mês.
Economistas mantiveram, ainda, a estimativa para o aumento do conjunto dos preços administrados – as tarifas públicas – em 2012 em 3,80%, ante 4% previstos há um mês. Para 2013, a previsão de alta dos preços administrados manteve-se em 4,50% pela 115ª pesquisa consecutiva.
PIB
O mercado financeiro fez um ligeiro ajuste para cima nas estimativas para o desempenho da economia brasileira em 2012. De acordo com a pesquisa Focus, a mediana das projeções para o crescimento em 2012 avançou de 3,20% para 3,21%. Para 2013, porém, a aposta foi em trajetória contrária e caiu de 4,30% para 4,25%. Um mês antes, as estimativas eram de expansão de 3,23% neste ano e de 4,29% no próximo ano.
Parte da melhora da previsão para a economia brasileira em 2012 pode ser atribuída ao desempenho industrial. Na pesquisa, a projeção para o crescimento do setor em 2012 aumentou de 2% para 2,02%. Para 2013, economistas preveem ritmo maior, com avanço industrial de 4%, número repetido há quatro semanas. Um mês antes, a pesquisa apontava estimativa de expansão de 2,03% neste ano e também de 4% no próximo ano.
Analistas elevaram ainda a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2012, de 36,15% para 36,20%. Para 2013, a projeção também subiu, de 34,70% para 35%. Há quatro semanas, as projeções estavam em, respectivamente, 36,20% e 35% do PIB para cada um dos dois anos.
Dólar
Após quatro altas seguidas, o mercado financeiro manteve a previsão de que o dólar deve terminar o ano em R$ 1,80. A pesquisa Focus mostra que a mediana das estimativas para o preço da moeda estrangeira no fim de 2012 estacionou em R$ 1,80. Para o fim de 2013, também foi mantida a expectativa de taxa de câmbio em R$ 1,80. Há um mês, analistas previam dólar a R$ 1,76 no fim de 2012 e de R$ 1,80 no encerramento de 2013.
Na mesma pesquisa, o mercado financeiro manteve a previsão de que a taxa média de câmbio seguirá em R$ 1,79 em 2012. Para o próximo ano, a estimativa de dólar médio aumentou um centavo, de R$ 1,79 para R$ 1,80. Há um mês, a pesquisa apontava que a expectativa de dólar médio estava em R$ 1,77 em 2012 e em R$ 1,78 no próximo ano.
Contas externas
O mercado financeiro elevou a previsão de déficit em transações correntes. A Focus mostra que a mediana das expectativas de saldo negativo na conta corrente neste ano aumentou de US$ 68,63 bilhões para US$ 69 bilhões, mesmo patamar previsto há um mês. Para 2013, a previsão de déficit nas contas externas aumentou de US$ 72 bilhões para US$ 75 bilhões. Quatro semanas antes, analistas esperavam déficit em transações correntes de US$ 70 bilhões no próximo ano.
Na mesma pesquisa, economistas elevaram a estimativa de superávit comercial em 2012, de US$ 19 bilhões para US$ 19,20 bilhões. Para 2013, a expectativa de saldo comercial positivo do Brasil manteve-se em US$ 14,70 bilhões, ante US$ 15 bilhões esperados um mês antes.
A pesquisa mostrou ainda que as estimativas para o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado ao setor produtivo, em 2012 aumentaram de US$ 56,40 bilhões para US$ 57 bilhões. Para 2013, a expectativa de ingresso de IED manteve-se em US$ 56,40 bilhões. Há um mês, analistas esperavam entrada de US$ 55 bilhões em 2012 e também em 2013.