Pesquisa aponta que desemprego continuará neste ano

O pequeno saldo positivo do emprego no Paraná, no primeiro bimestre de 2009, deve melhorar no decorrer do primeiro semestre, mas não será suficiente para evitar um aumento no índice de desemprego, este ano.

A análise é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que apresentou ontem, em Curitiba, dados do mercado de trabalho no Estado.

Para o Dieese, a desaceleração na geração de empregos formais, resultado da crise econômica, continua este ano: os números dos dois primeiros meses foram os piores para o período, desde 2000.

Com o resultado de fevereiro, o Paraná soma, segundo o Dieese, 2,145 milhões de trabalhadores com carteira assinada. No ano, foram criados 4.086 empregos, apenas 0,19% a mais que no mesmo período do ano passado.

Os setores de serviços e da construção civil foram os que mais contrataram, enquanto a agropecuária e a indústria da transformação foram os que mais fecharam vagas.

Segundo o economista Sandro Silva, do Dieese, a previsão de aumento na taxa de desemprego se deve principalmente às baixas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

“Por mais que se gerem postos de trabalho, não serão suficientes para absorver quem entra no mercado e os já desempregados”, analisa. Um crescimento no desemprego reverteria uma tendência que vem desde 2004.

Mesmo assim, Silva projeta melhoras nos números, principalmente a partir do segundo trimestre, quando os setores agrícola e da agroindústria costumam contratar, devido à safra.

“É o momento em que o Paraná mais gera empregos”, afirma. Por outro lado, o economista lembra que, para este ano, está prevista uma safra menor do que a do ano passado, e com preços menores também, e que isso pode impactar nas contratações.

O economista ainda afirma que o Paraná deve continuar numa posição um pouco mais confortável que a média nacional, já que possui uma economia bastante diversificada. Assim, índices ruins em alguns setores são compensados por eventuais crescimentos em outros.

Antecipação

Para Silva, a queda e os baixos índices no nível de emprego apresentados a partir de outubro de 2008, decorrem em grande parte do fato de que muitas empresas anteciparam demissões ainda “sem saber o real impacto da crise”.

O economista cita como exemplo as montadoras que, projetando queda nas vendas, demitiram e suspenderam contratos. “Mas já em dezembro, começaram a se recuperar e, em fevereiro, venderam mais que no mesmo mês do ano passado. Isso demonstra que houve um movimento prematuro”, conclui.