O peso dos impostos no bolso dos consumidores brasileiros foi o tema de um evento em Curitiba neste sábado. Quem passava pela Rua XV de Novembro podia conhecer, em duas tendas montadas – uma na Boca Maldita e outra próxima à Praça Santos Andrade – a carga tributária de vários produtos e a diferença entre o valor pago e o valor que poderia ser cobrado se a arrecadação de tributos fosse menor.

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A informação surpreendeu muitos consumidores. Em produtos como a água mineral, por exemplo, o imposto representa 44% do valor pago, o que significa que uma garrafa que hoje custa R$ 1, poderia custar apenas R$ 0,56.

E contas parecidas se repetem em todos os produtos. Nas tendas, a população conhecia a carga tributária sobre produtos de alimentação, higiene e alguns eletrodomésticos.

A babá Raquel Rodrigues de Lima ficou surpresa com a quantidade de imposto paga sobre produtos de alimentação. “Não sabia que era tanto imposto. Na verdade é só na conta de luz que aparece escrito o valor que a gente vê como paga muito mais do que consome”, disse.

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Os tributos cobrados sobre os itens de alimentação como frutas, verduras e produtos que fazem parte do cardápio do brasileiro também desagradaram à consumidora. “O arroz e feijão não poderia ter tanto imposto, não é certo”, comentou.

Na opinião do estudante Alexandre Pereira dos Santos, em itens que não são essenciais a taxa de imposto até seria melhor suportada, mas produtos de higiene e alimentação precisariam ter a carga reduzida. “Esse imposto em produtos como o açúcar e o arroz é absurdo”, declarou.

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Para Cristian Valle, estudante, o pior é perceber que os valores em impostos pagos com sacrifício acabam não retornando como serviços necessários. “O revoltante é não receber serviços como transporte, saúde e segurança. O problema é que o dinheiro vai parar nas mãos dos corruptos.”

Campanha nacional

Ações parecidas, promovidas pelo Conselho de Jovens Empresários da Associação Comercial do Paraná (ACP) em parceria com a Federação da Indústria do Estado do Paraná (FIEP), ocorreram em dez bairros da capital e em outras 23 cidades do Estado. No Brasil, 122 municípios aderiram à mobilização para conscientizar a população destes impostos.

Para o coordenador do Conselho de Jovens Empresários da ACP, Monroe Olsen, o principal objetivo da ação é que a população tenha conhecimento sobre os impostos para poder exigir dos agentes públicos a aplicação correta dos recursos.

“A gente quer conscientizar para que as pessoas passem a cobrar mais dos governantes a correta aplicação dos impostos e a redução da corrupção”. Para o coordenador, a informação é essencial para que a população possa exercer seus deveres de cidadão e passe a fiscalizar melhor a arrecadação e o uso do dinheiro público.

Olsen explica ainda que leis que determinam a divulgação dos valores pagos em impostos pelos comerciantes poderão ser impossíveis de aplicar caso não haja uma simplificação dos impostos.

Hoje, existem mais de 80 impostos recolhidos por comerciantes e empresários, o que tornaria impossível para cada um divulgar o valor recolhido em cada produto.

O coordenador do Movimento “A Sombra do Imposto”, idealizado pela Fiep, Dorgival Lima Pereira, também defende uma simplificação das medidas. Segundo ele existem mais 24 mil leis, normas decretos e alterações sobre a arrecadação e as empresas precisam manter equipes de funcionários apenas para controlar os impostos.

Pereira explica que a alta carga tributária acaba por reduzir as condições de competição das empresas e diminuir a capacidade de investimento e criação de empregos. Hoje, explica, cerca de 40% das despesas de uma empresa diriam respeito a impostos.

Mas o coordenador esclarece que os empresários não defendem o não pagamento de impostos e sim uma simplificação e melhor utilização dos recursos. “Não se pretende pregar o não pagamento dos impostos. O que se pretende é uma simplificação e uma redução das tarifas, além da aplicação correta dos recursos e combate à corrupção”, disse.

Serviço

Na página do movimento “A Sombra do Imposto”  – www.sombradoimposto.com.br – o consumidor pode conhecer a carga tributária dos principais produtos consumidos. O usuário pode ainda realizar uma compra simulada abaixo no aplicativo idealizado pela Fiep para conhecer os valores dos produtos e a diferença paga em impostos.