Terminou ontem em Pontal do Paraná a 2.ª Conferência Estadual da Aqüicultura e da Pesca, evento que começou na última quinta-feira e reuniu piscicultores, pescadores, especialistas e lideranças políticas para avaliar os investimentos feitos no Estado, no setor, nos últimos três anos, além de definir ações para o futuro. ?Nenhum estado brasileiro tem uma ação tão vigorosa na pesca quanto o Paraná?, afirmou o ministro da Pesca, José Fritsch, que participou da abertura do evento e fez uma das falas mais esperadas pelos pescadores que estavam presentes na Conferência.
O motivo da ansiedade pela vinda de Fritsch é que pasta, que recebe atenção especial do governo Lula apesar da pouca visibilidade, está em boa cotação com os pescadores paranaenses. ?Ficamos 15 anos sem políticas na área e agora, apesar das muitas deficiências que precisam ser resolvidas ainda, vemos resultados concretos para desenvolver a pesca no Estado?, comemora o presidente da Federação de Pescadores do estado do Paraná, Edmir Manoel Ferreira.
O ministro destacou que no Estado já foram recadastrados 7.400 pescadores, que receberão seguro-defeso, previdência e acesso às linhas de crédito para custeio e investimento na atividade. ?Mesmo com essas vantagens ainda sofremos muita pressão contrária para organizar o setor, pois existe muita gente que se aproveita da desorganização da pesca no Brasil para tirar vantagens econômicas. Pode ser que tenhamos que brigar nesse primeiro momento, mas as ações empregadas tanto pelo governo Federal quanto pelo governo do Estado terão resultados duradouros?, afirma.
Meio ambiente
A principal queixa dos pescadores continua sendo a aparente incompatibilidade entre o setor produtivo e órgãos de fiscalização. ?Questiono até por que nenhum representante desses órgãos está participando da conferência?, diz a deputada federal Selma Shons, presidente da Frente Parlamentar da Pesca, já que não estavam presentes representantes do Ibama e do IAP. ?Reconheço a falta de aparelhagem e de funcionários, mas não é possível se manter apenas na fiscalização, muitas vezes brecando a atividade, sem praticar também a orientação?, aponta a deputada.
Já o vice-governador e secretário da Agricultura e do Abastecimento, Orlando Pessuti, elogiou a atuação dos órgãos, e disse que fiscalização dura é necessária para que exista qualidade de vida para os pescadores e meios para que a atividade se desenvolva, mas admitiu que também é necessário maior esclarecimento e orientação para os pescadores. ?E estamos conseguindo isso: fazer a revitalização da pesca nos rios e no Litoral de maneira saudável e principalmente, sustentável?.
Para o ministro José Fritsch, existe um preconceito de que a pesca é danosa para o meio ambiente. ?É um conceito errôneo que precisa ser apagado. O pescador é o primeiro que quer o ambiente limpo para ter uma produção de qualidade?, diz. E para ele, não há melhor momento que o atual. ?Com o problema de consumo de proteína animal que o mundo enfrenta devido a males como o da vaca louca e a recente gripe aviária, a pesca garante uma reserva inestimável de alimento. E o Brasil, com sua costa e rios, tem uma mina de ouro nas mãos?.