O Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central, divulgado nesta quinta-feira, 27, mostra que as perspectivas de inflação pioraram, o que ratifica o discurso da autoridade monetária desde o início do ciclo de aperto, avalia Juan Jensen, sócio e economista da Tendências consultoria integrada. “Há uma certa deterioração, sobretudo porque a inflação veio um pouco acima do que se esperava. Não há grandes novidades no texto, mas uma ratificação de tudo o que vinha se observando e que o BC já sinalizava no discurso e na ação”, afirmou o economista.
De acordo com Jensen, o BC já vinha mostrando nas últimas atas, como reforçou no relatório, “uma intensificação na preocupação com fatores de risco”. A Tendências trabalha com cenário de mais dois apertos monetários, de 0,50 ponto porcentual cada um, neste ciclo. O IPCA deve fechar 2014, no cenário de referência do BC, com alta acumulada de 6,0%. O cenário de mercado trabalha com projeção de 5,8%.
Câmbio
No relatório, o Banco Central destaca que o repasse do câmbio para a inflação tende a ser suavizado pelo ajuste da política monetária. Jensen aponta que o efeito do câmbio para a inflação, como já vem sendo dito pela instituição, caiu ao longo da última década. “Houve uma redução muito significante do efeito do câmbio na inflação, causada pela própria mudança em termos de padrão de consumo, crescimento da importância de serviços na economia e diversos fatores”, comentou. “Além disso, medidas de política monetária e regulatória suavizam essa desvalorização e o efeito da inflação é menor e também suavizado ao longo do tempo”, afirmou Jensen.