O deputado federal Darcísio Perondi (PMDB-RS) fez nesta terça-feira, 8, uma série de críticas à postura adotada pela indústria brasileira nos últimos anos. Ao falar na comissão mista da medida provisória 777, que cria a Taxa de Longo Prazo (TLP), ele criticou os subsídios implícitos dados pelo BNDES à indústria por meio da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
“Estou há 23 anos nesta Casa e sempre ouvi que os subsídios implícitos do BNDES eram uma caixa preta”, afirmou. No auditório da comissão, estavam presentes representantes da indústria, como o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, que minutos antes havia discursado contra a TLP.
Perondi criticou o silêncio da indústria quanto às ações do BNDES nos últimos anos e à “bandalheira que saiu aí pra fora”. Além disso, criticou a postura adotada pelo próprio corpo de funcionários do BNDES – hoje também contrários à TLP.
“Os funcionários do BNDES silenciaram quando o banco elevou nossa dívida. Eles também silenciaram sobre os recursos para Cuba”, afirmou Perondi, em referência ao financiamento liberado pelo BNDES à Odebrecht para construção do Porto de Mariel, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
“O dinheiro do BNDES sai do contribuinte, que paga sempre”, afirmou Perondi. O deputado disse ainda que, apesar dos fartos subsídios concedidos nos últimos anos, a indústria “afundou”. “A indústria pegou uma fortuna do BNDES e isso só agravou o déficit”, afirmou Perondi. “A Fiesp é contra o aumento de imposto, mas quer subsídio”, criticou.
O deputado lembrou ainda que o déficit do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que serve de funding para o BNDES, é coberto hoje pelo Tesouro. “Sabemos o buraco do FAT, e quem cobre é o Tesouro”, disse o deputado. Segundo ele, “muito grande empresário” pegou recursos do BNDES e “resolveu a vida lá fora”. “Não vi ninguém falar isso aqui (na comissão)”, criticou. “Não gostei do comportamento da indústria nesta mesa (sobre a TLP)”, completou.