Produto escasso no mercado, preços altos nas prateleiras e produtores, varejistas e consumidores insatisfeitos. Esse é o panorama atual do leite, no Paraná. Este ano, até abril, o item já teve seu preço aumentado em 21%.

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Em maio, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Curitiba, divulgado ontem, o leite pasteurizado subiu mais 8,69%. E as previsões, ao menos para os próximos 90 dias, não são animadoras: o abastecimento deve continuar fraco e o produto pode passar por mais aumentos.

De acordo com o superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras), Valmor Rovaris, a falta de leite no mercado dificulta a realização de promoções, e isso tem sido uma das principais causas do aumento dos preços nas gôndolas.

“Para fazer uma promoção, tem que ter uma quantidade grande de uma marca”, explica, lembrando que, no final do ano passado, o tipo longa vida integral chegava facilmente a custar R$ 1,70 em promoções. Hoje, são raras as promoções em que encontra-se o produto a R$ 1,89 (ver quadro).

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“A negociação está mais difícil, então há dificuldade na hora de montar uma promoção”, afirma Rovaris. “Sabemos que é uma época de entressafra, em que é tradicional os preços subirem. Mas, nos últimos meses, o aumento tem sido maior do que os supermercados esperavam”, completa. Segundo ele, por mais essencial que o produto seja para a maioria das famílias, já se percebe uma redução no consumo.

Produção

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A diminuição no consumo preocupa os produtores. Para o presidente do Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite) órgão ligado à Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ronei Volpi, a situação atual é ruim para todos.

“Isso afasta o consumidor do produto”, conclui. Ele explica que o problema é reflexo de uma recente crise mundial do leite, que causou preços muito baixos e desestimulou a produção, somada ainda às duas secas que atingiram o Paraná nos últimos meses.

Quanto ao preço, Volpi ressalta que ainda está no mesmo patamar de aproximadamente há um ano atrás. Entretanto, ele prevê que os valores pagos ao produtor devem continuar subindo, para ao menos compensar os custos de produção, que estão entre R$ 0,60 e R$ 0,70.

Em abril, o valor de referência do produto, na qualidade padrão, chegava a R$ 0,5559, incluídos os custos de frete. Já os valores projetados para maio eram de R$ 0,6192.

Segundo Volpi, os valores de maio devem fechar até mais altos que as projeções. E a previsão para junho, que será definida na próxima reunião do Conseleite, no dia 16, deve ser ainda maior. Mesmo assim, ele não acredita que o varejo repasse novos aumentos ao consumidor.