A despesa com juros de todo o setor público (União, governos regionais e empresas estatais) em fevereiro, de R$ 15,444 bilhões, foi a mais alta para meses de fevereiro desde o início da série do Banco Central, em 1991. O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, explicou que a elevada carga de juros no mês passado teve grande influência das perdas com operações de swap cambial reverso (espécie de compra de dólares no mercado futuro), que totalizaram R$ 2,6 bilhões.
No mês de janeiro, quando o BC teve um ganho de R$ 377 milhões com essas operações, o encargo com juros foi de R$ 13,131 bilhões. Em fevereiro de 2007, o gasto com juros da dívida pública havia sido de R$ 11,009 bilhões. Além da maior perda com swap cambial, a diferença em relação a fevereiro do ano passado também reflete o maior endividamento total do País.
Altamir informou que revisou sua projeção para a despesa com juros neste ano, de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 5,4% do PIB. O motivo da projeção mais alta é a previsão do mercado de câmbio a R$ 1,75 por dólar ao final do ano (ante R$ 1,80 quando foi feita a projeção anterior do BC) e uma expectativa de juro médio para este ano de 11,6% ao ano, ante 11,3% da projeção anterior do mercado.
Com a expectativa de maior gasto com juro, o BC elevou de 1,2% do PIB para 1,6% o PIB a projeção de déficit nominal em 2008. Altamir informou que o déficit nominal de R$ 946 milhões acumulado no primeiro bimestre deste ano foi o mais baixo desde 1993, levando em conta resultados de primeiros bimestres. Apesar de ter revisado para cima sua previsão de déficit nominal para o ano, Altamir ressalta que a trajetória da relação dívida/PIB continua decrescente, mantendo-se o superávit primário dentro da meta, de 3,8% do PIB.