Brasília (ABr) – O presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Antenor Nogueira, disse ontem que a manutenção do quadro de perda de renda na atividade, apontado pela pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP), pode comprometer os resultados do setor em médio prazo, uma vez que os pecuaristas estão sendo obrigados a vender matrizes para se manter capitalizado.

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O Brasil tem um rebanho de 193
milhões de cabeças.

Em 2004, a CNA estava preocupada com o nível de abate de fêmeas que chegou a 35% do total de abates com relação ao ano anterior. Esse ano, a situação piorou e a taxa de abates de matrizes já chegou aos preocupantes 50%?, afirmou. O nível de abate normal considerado pela CNA é em torno de 20 a 23% do rebanho. O Brasil tem um rebanho de 193 milhões de cabeças.

De acordo com Nogueira, a solução para a crise no setor é a estabilização do mercado de gado brasileiro. Na sua visão, chegará um momento em que não haverá mais espaço para o abate de fêmeas. ?Aí, haverá uma recuperação do preço do bezerro e a diminuição automática do abate de matrizes?, argumenta. Nogueira lembrou que no final de 2003 e início de 2004 a média da arroba do boi gordo chegou a R$ 62 na praça de São Paulo e hoje está cotada em R$ 58. Uma queda expressiva, na sua opinião.

Preocupada com a situação, contou Nogueira, a CNA esteve reunida com o ministro da Agricultura para sugerir que para se manter os índices de crescimento do rebanho nos níveis dos anos anteriores seria preciso criar uma linha de financiamento para conter o número de abates de matriz. ?Esse financiamento não precisa ter um valor alto e deve ser à base do custeio pecuário, ou seja, em torno de R$ 60 ou R$ 100 mil por produtor?.

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Para Nogueira, a continuar como está, a tendência da pecuária de corte é que não se tenha os mesmos níveis de crescimento dos anos anteriores. Mesmo com essa tendência, a CNA tem registrado crescimento nas exportações que nesses dois primeiros meses chegou a 30% comparado ao mesmo bimestre de 2004. ?A tendência esse ano é que, com a abertura de outros mercados como a China, Taiwan e Coréia do Sul, e a volta da Rússia, se tenha um crescimento em relação ao ano passado?. Este ano, o crescimento estimado pela CNA para as exportações é de 25 a 30% em relação a 2004.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelos pecuaristas, o País manteve, neste início de ano, expansão no volume de exportação de carne bovina. As remessas do segmento, de acordo com a CNA, geraram receita de US$ 370,5 milhões nos dois primeiros meses do ano, 30% a mais que os US$ 285,5 milhões de igual período de 2004.

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Em volume, as exportações somaram 289 mil toneladas no primeiro trimestre do ano, também 30% a mais que as 222,8 mil toneladas registradas em janeiro e fevereiro de 2004. O preço médio de exportação de carne in natura foi de US$ 2,240 por tonelada no mês passado, 6% a mais que o valor médio de US$ 2,110 por tonelada, em fevereiro de 2004.