Percepção de consumidores sobre inflação maior não é pontual, diz FGV

A percepção dos consumidores de que a inflação está comprometendo uma fatia cada vez maior do orçamento não é pontual, afirmou o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getulio Vargas (FGV), Aloisio Campelo. “Não é algo momentâneo, como o (aumento do) preço do tomate ou da cebola. Tivemos piora nas respostas”, afirmou.

Em maio, os consumidores apontaram uma expectativa média de 8,9% para a inflação nos próximos 12 meses, pelo quarto mês seguido o maior nível já observado na série, iniciada em setembro de 2005. Analistas ouvidos no Boletim Focus, do Banco Central, porém, indicam esperar aumento de preços na casa de 6% nesse período, considerando a desaceleração prevista para 2016, mencionou Campelo. Ao fim do ano que vem, economistas projetam IPCA de 5,5%.

“Há uma certa defasagem nas respostas dos consumidores, que não tinham percebido qual era o nível da inflação. Com o tarifaço, houve um descolamento, e nos próximos 12 meses ele (consumidor) ainda não vê a inflação cedendo”, disse o superintendente.

Diante do consumidor mais pessimista que os analistas, Campelo não descarta efeitos sobre a demanda nos próximos meses. “Isso afeta as decisões de consumo. As famílias percebem que a renda está caindo e ainda não veem alívio da inflação. Isso contribui para consumidor ficar ainda mais cauteloso”, afirmou.

Ao todo, quase 40% dos consumidores esperam inflação acima de 9%, e a visão mais pessimista vem da baixa renda. Entre as famílias com ganhos mensais até R$ 2,1 mil, a expectativa é de que os preços subam em média 9,4% nos próximos 12 meses. “A inflação de alimentos e as tarifas têm mais peso no orçamento dessas famílias. Quando esses itens aumentam, elas ficam mais vulneráveis”, explicou Campelo.

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