As micros e pequenas empresas são as que mais empregam no setor de comércio e serviços no Brasil, índice que cresceu 9,7% ao ano entre 1998 e 2001. Em 1985 eram responsáveis por 50,7% do pessoal ocupado. Já em 2001 esse número havia crescido para 60,8%. O salário, no entanto, é mais alto nas empresas maiores. São em média 4,3 salários mínimos, contra 1,7 salário mínimo das pequenas. Os resultados fazem parte de pesquisa divulgada ontem pelo IBGE.

Outra característica é que praticamente a metade das micros e pequenas é de modelo familiar, onde não existem empregados, sendo as funções exercidas pelo dono, sócios e parentes representando 40% da mão-de-obra total.

Os dados apontam ainda que as micros e pequenas são as que mais surgem nos setores de comércio e serviços, ao mesmo tempo as que mais desaparecem, havendo uma renovação constante nesse setor.

As micros são as campeãs nas taxas da natalidade e mortalidade. Somente no ramo de serviços, em 1998, 26,7% retiraram o alvará de funcionamento, enquanto 20,1% encerraram as atividades.

Para a economista Ângela Jorge, do IBGE, o avanço tecnológico é um forte aliado no surgimento desse segmento.

“A tecnologia é poupadora da mão-de-obra, o que vem facilitando o crescimento de empresas de portes micro e pequeno.” Segundo o coordenador da pesquisa, Roberto Saldanha, embora ainda continue alta, a taxa de mortalidade das micros vem diminuindo e as privatizações funcionaram como efeito multiplicador para as micros e pequenas empresas.

“Foram incentivados planos de demissão voluntária. Muitos se desligaram das estatais ou foram demitidos pelos novos donos e investiram as indenizações em montagens de micros e pequenas empresas. Além disso, também foi registrado um movimento de pessoas que saíram de grandes empresas rumo a seus próprios negócios”.

Entre os principais fatores que propiciaram o surgimento das pequenas e micros empresas estão: baixo capital e quantidade de material humano, além da oferta de linhas de financiamento no BNDES e no Banco do Brasil.

Em contrapartida, estão em desvantagens com as médias e grandes em: faltas de suporte financeiro nos primeiros meses, tecnologia, gerenciamento adequado além de maior vulnerabilidade às oscilações na economia.

No entanto, como a pesquisa só analisou as registradas, Saldanha estima que haja um número muito maior de empresas que vivem na informalidade e de mão-de-obra por elas empregada, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do País.

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