Pela primeira vez desde o ano 2000, a inadimplência do consumidor com o sistema financeiro, acumulada entre janeiro e maio, caiu em relação aos mesmos meses do ano anterior. Esse recuo contraria o comportamento normal para esse período, que é de alta do calote. Até o mês passado, o volume de cheques sem fundos, títulos protestados, dívidas vencidas com bancos, cartões de crédito e financeiras em todo o País estava 1,4% menor que em 2006, segundo o Indicador Serasa de Inadimplência. Em 2005 e 2006, as altas acumuladas nesse período em relação ao ano anterior tinham sido de 12,6% e de 16,7%, respectivamente.
A recuperação da renda, do emprego formal, a ampliação dos prazos de financiamento e a queda dos juros, ainda que em ritmo lento, reduziram o pessimismo que predominava no mercado financeiro, alimentado pela possibilidade de que a inadimplência poderia explodir. Hoje, ocorre exatamente o contrário.
No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4 3% ante o mesmo período do ano anterior, puxado especialmente pelo consumo das famílias, que aumentou 6%, a maior variação desde o primeiro trimestre de 2001. Um dos fatores responsáveis por esse desempenho foi o crédito farto. Estatísticas mais recentes do Banco Central (BC) indicam que a oferta de crédito para o consumidor em 12 meses cresceu 24% este ano.
?É uma situação totalmente nova?, afirma o assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. Normalmente, diz ele, a inadimplência no primeiro semestre aumenta, em razão das dívidas assumidas no fim de ano, e caem no segundo semestre. Neste ano, no entanto, poderá ser diferente, com o recuo da inadimplência no primeiro semestre, como os números mostram até agora.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo