Se confirmado na presidência da Petrobrás pelo conselho de administração, na próxima semana, Pedro Parente enfrentará um cenário menos turbulento na estatal. Depois de chegar a US$ 27, no início do ano, a cotação internacional do barril de petróleo voltou ao patamar de US$ 48. A recuperação, associada à melhora no fluxo de caixa na estatal na gestão de Aldemir Bendine, promoveram uma alta de 14% no valor de mercado da companhia desde fevereiro de 2015.

continua após a publicidade

As cotações de petróleo atingiram, em janeiro deste ano, o patamar mais baixo em 12 anos. A variação negativa repercutiu nas ações da Petrobrás, que chegaram a R$ 4, e levou a petroleira a reduzir em 24% o volume de investimentos até 2019. Desde então, as cotações subiram 69% com a revisão dos estoques dos EUA e Canadá, além de impactos na produção da Nigéria.

Ontem, as cotações recuaram nas bolsas estrangeiras interrompendo a sequência de altas ao longo do mês de maio. O resultado também afetou o desempenho das ações da Petrobrás. Os papéis fecharam em queda entre 0,67%, e 1,56%, após ter aberto em alta de 5% refletindo a reação positiva à indicação de Pedro Parente.

Se por um lado a alta do preço do petróleo valoriza os ativos da estatal à venda, por outro reduz as margens de receita com a revenda de diesel e gasolina no País. Os preços estão mais altos que o valor de importação. Nos últimos quatro trimestres, em função do ganho com a venda de combustíveis, a estatal teve fluxo de caixa positivo – algo que não ocorria há 13 anos.

continua após a publicidade

A gestão de Bendine e Ivan Monteiro também deixou, como marcas celebradas pelo mercado, a redução de gastos e funções administrativas. Além disso, a dívida bruta total soma R$ 450 bilhões no primeiro trimestre de 2016 – 9% menor que no mesmo período do último ano.

“Houve uma melhora, mas a dívida e o juros da dívida estão comendo esse saldo”, avalia o consultor e professor da PUC-RJ, Alfredo Renault. “A discussão de capitalização vai continuar. Com recursos do Tesouro seria inviável, então pode entrar no radar capitalização pelo mercado”, completa.

continua após a publicidade

Na mesma linha seguem análises dos bancos. Para o BTG Pactual, a atual estrutura de capital é “inadequada e insustentável”. Já o Credit Suisse indicou que o novo comando da empresa precisará melhorar a eficiência dos investimentos e mantê-los em nível compatível com a geração de caixa, sem demandar mais financiamentos.

Acelerar o plano de desinvestimentos é outro consenso sobre a nova gestão. Até aqui, a estatal se desfez de US$ 1,4 bilhão em ativos no exterior – cerca de 10% da meta estabelecida para este ano. A expectativa é com a conclusão, em até 60 dias, da venda da rede de gasodutos do Sudeste, estimada em US$ 5 bilhões. A companhia também negocia campos terrestres e outros ativos no exterior, sobretudo na América Latina.

Para o professor de economia da UFRJ e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Helder Queiroz, a missão de Pedro Parente é deixar claro aos investidores o que será a nova Petrobrás após a venda de ativos: “Falta uma sinalização de como o portfólio de ativos será arrumado a ponto de garantir o máximo de ganhos para a empresa. A Petrobrás vai ser menor. A pergunta é: como?” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.