Desde que a Operação Lava Jato revelou a existência de um esquema de corrupção na Petrobras, em 2014, 19,3 mil empregados concursados optaram por deixar a empresa e aderir a Programas de Incentivo à Demissão Voluntária (PIDV). O último, encerrado quarta-feira, atraiu 11,7 mil funcionários. A cifra ficou bem acima da projeção de 8 mil feita pela diretoria na semana passada e próxima da meta de 12 mil anunciada em abril, quando o programa foi lançado. Com esse PIDV, a economia de caixa estimada pela Petrobras gira na casa dos R$ 30 bilhões até 2020.
Se todos os que demonstraram interesse realmente saírem da Petrobras, o quadro total de concursados vai encolher para 66,7 mil, 22,4% menor do que os 86 mil registrados em 2014, quando as denúncias de corrupção e a queda do preço do petróleo empurraram a empresa à atual crise.
O número real de adesões ao PIDV só será conhecido, no entanto, em maio do ano que vem, quando chega ao fim o processo de demissões. Os desligamentos vão acontecer gradativamente. No meio do caminho, os funcionários têm a alternativa de desistir e seguir na estatal.
Para dar conta de todas as indenizações, a empresa vai gastar cerca de R$ 4 bilhões. No segundo trimestre, R$ 1,2 bilhão foram provisionados para pagar os 4,4 mil funcionários que já haviam se manifestado até 31 de maio. Os demais R$ 2,8 bilhões vão ser lançados no resultado financeiro do terceiro trimestre, segundo a Petrobras.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), representante dos empregados, acusa a empresa de forçar o desligamento dos trabalhadores. “Desde que o PIDV foi lançado, em abril, os funcionários com perfil de adesão passaram a ser ameaçados de perder adicionais relativos ao regime especial e ter o salário drasticamente reduzido caso não optassem pelo PIDV”, afirmou o coordenador da federação, José Maria Rangel.
Riscos
A FUP pede a recomposição do quadro de funcionários, por considerar que, com menos trabalhadores, o risco de ocorrer acidentes aumenta.
Ao contrário dos programas anteriores, o PIDV de 2016 foi aberto a todos os funcionários e não apenas àqueles com idade de se aposentar. O foco, no entanto, eram os empregados com mais tempo de casa, que vão receber indenizações maiores do que os demais. O enxugamento da mão de obra faz parte do plano de redução de custos da empresa, que, altamente endividada, busca alternativas para continuar investindo.
Concluído esse PIDV, a Petrobras vai focar nos funcionários das subsidiárias incluídas no plano de desinvestimento, como a BR Distribuidora, a Transpetro e a Liquigás. Como revelou o Estado no fim de julho, a diretoria da estatal distribuiu carta aos empregados na qual antecipa que vai dar a opção de demissão voluntária “em todos os ativos que venham a ser objeto de parceria ou desinvestimento”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.