No final de semana, o Banco do Povo (PBoC, na sigla em inglês) anunciou que irá expandir um programa piloto para aumentar a capacidade de empréstimo dos bancos. O plano, atualmente em vigor em Shandong e Guangdong, permite que os bancos utilizem os empréstimos bancários como garantia para contrair empréstimos mais baratos do Banco Central.

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O PBoC expandiu o programa de flexibilização não convencional para impulsionar os empréstimos bancários, intensificando o seu repertório de medidas monetária de estímulo para reter a desaceleração econômica, além de assumir mais riscos por conta própria. O movimento ocorre em meio a um aumento nos empréstimos ruins que tornaram os bancos chineses mais cautelosos com empréstimos às empresas vistas como arriscadas.

Desde o ano passado, os líderes chineses têm pedido para que o PBoC tente reforçar os empréstimos bancários e reduzir os custos de empréstimos obtidos em meio a uma fraqueza no crescimento econômica e saída de capital do país. Mas uma enxurrada de medidas de flexibilização tradicionais – incluindo cinco cortes de juros e três grandes reduções nas exigências de reservas dos bancos desde novembro – teve sucesso limitado.

Em vez de estimular áreas específicas, o dinheiro tem fluído para grandes empresas estatais já muito endividadas e também provocou uma forte alta nos mercados acionários chineses, que nos últimos meses se transformou em uma onda de vendas.

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Para orientar os empréstimos a partes mais produtivas da economia, o PBoC começou no ano passado um projeto piloto permitindo que credores comerciais na província de Guangdong, no sul da China, e na província de Shandong, na região leste, tomassem emprestado do Banco Central dando como garantia seus ativos de crédito. Ao fornecer aos credores um financiamento barato, o PBoC espera dirigir os empréstimos bancários aos setores desejáveis, tais como o de agricultura e às pequenas empresas.

O PBoC está agora expandindo esse programa para 11 províncias e municípios, incluindo Pequim e Xangai, de acordo com um breve comunicado publicado no site do Banco Central no fim de semana. A medida visa “apoiar a economia real”, disse no comunicado.

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Zhu Chaoping, economista chinês da UOB Kay Hian Holdings, um banco de investimento com sede em Cingapura, chamou o movimento de “uma ferramenta para o PBoC conduzir a política ao estilo chinês de relaxamento quantitativo”, mas disse que um desafio para o Banco Central é como garantir a qualidade da garantia para que ele não acabar retendo os empréstimos ruins em seu próprio balanço.

A medida é vista como um relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês), mas não nos mesmos moldes das realizadas nos EUA e pelo Banco Central Europeu (BCE).

Ao invés de comprar títulos e outros ativos diretamente com bancos comerciais, como faz o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) e o BCE, o PBoC – que é proibido pela lei chinesa para comprar títulos e outros ativos diretamente – está aceitando ativos bancários como garantia em troca de financiamento. No entanto, o objetivo na China, como no Ocidente, é liberar mais crédito para os bancos fazerem empréstimos.

Autoridades do PBoC disseram publicamente que a China não precisa adotar relaxamento quantitativo, uma vez que ainda tem espaço para cortar as taxas de juros, além de outras ferramentas monetárias tradicionais.

Ainda assim, outras medidas tais que os analistas têm comparado às estratégias ocidentais de combate a crise incluem o Banco Central injetar fundos em bancos políticos chineses para ajudá-los a financiar projetos do governo tais como as inovações de favelas.

“Enquanto o movimento em si não foi drástico, ele sinaliza que uma flexibilização adicional está por vir”, disse Gerry Alfonso, diretor de operações da Shenwan Hongyuan Securities. “Os investidores continuam a esperar por mais estímulos antes do final do ano”.

Os investidores especulam que novas medidas de estímulos podem vir na terça-feira, após a divulgação de dados sobre a exportação chinesa.

A consultoria Nomura projeta que as exportações da China caíram 8% em setembro ante o ano anterior. Em agosto, a China relatou declínio de 6,1% no ano. Fonte: Dow Jones Newswires.