O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse hoje que o governo está atento ao impacto que a elevação do Produto Interno Bruto (PIB) possa ter na inflação. “Queremos crescer com inflação controlada”, destacou, durante participação no Fóruns Estadão – Região Sudeste, promovido pelo Grupo Estado. Bernardo salientou que a inflação ainda não preocupa, mas disse que se o porcentual atingir níveis mais elevados, o governo terá de adotar medidas duras. “Um tiquinho a mais como está sinalizando hoje me parece tolerável. Mais que isso o governo terá de agir e, às vezes, isso pode afetar o crescimento.”

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O ministro não entrou em detalhes sobre quais ações o governo poderia adotar para conter a eventual alta inflacionária, mas citou a elevação nas taxas de juros e medidas como as que o Banco Central já tomou, como a elevação dos depósitos compulsórios. O BC persegue para 2010 uma meta inflacionária de 4,5% com tolerância de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo. A mais recente pesquisa Focus do Banco Central – que compreende as projeções do mercado financeiro para os principais indicadores macroeconômicos do País – mostrou que os analistas trabalham atualmente com uma alta de 5,64% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano.

No evento promovido pelo Grupo Estado, que discute as possibilidades para o desenvolvimento econômico e social das regiões do País, o ministro do Planejamento disse também que o governo poderá elevar o cálculo do crescimento do PIB em 2010, após o resultado do primeiro trimestre. Ontem, o IBGE informou que o PIB referente ao período de janeiro a março cresceu 9% ante o mesmo período do ano passado e avançou 2,7% ante o quarto trimestre de 2009. “O governo trabalha com projeção de 5,5% para o ano de 2010. Não temos um novo cálculo ainda, mas me parece que cresceremos 6% ou mais.”

Ainda sobre inflação, Bernardo citou que a política monetária é o principal instrumento disponível para o governo combater a inflação. Ele também destacou os dois cortes de orçamento anunciados este ano. O primeiro, de R$ 21,8 bilhões, e o segundo de R$ 10 bilhões. Para ele, este contingenciamento também ajuda a conter a elevação dos preços. O ministro não prevê um terceiro corte de gastos para este ano e afirmou que se a arrecadação continuar favorável com o crescimento da economia, uma parte das verbas contingenciadas poderá até ser liberada. “Se tivermos um pouco mais de receita, talvez liberemos um pouco do que foi cortado.”

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Eleições

Bernardo disse também que o resultado do PIB do primeiro trimestre poderá favorecer a pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Isso porque ele acredita que boa parte da aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve-se ao bom quadro econômico do País. “Isso cria uma sensação de bem-estar que favorece o governo e sua candidata,” reiterou.

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Bernardo diz que embora as pesquisas de intenção de voto reflitam a situação atual (de equilíbrio entre Dilma e o pré-candidato tucano José Serra), a tendência é que Dilma cresça um pouco mais nos meses à frente, a partir do momento em que o eleitor conhecer melhor a candidata. “Muitas pessoas declaram que gostariam de votar no Lula. Acho que é mais provável que eles votem em Dilma do que em Marina (presidenciável do PV, Marina Silva) ou Serra.”