Paul O?Neill fala manso e o dólar despenca

São Paulo

  – O dólar comercial fechou ontem cotado a R$ 3,12 na compra e R$ 3,14 na venda, com queda histórica de 9,51%. Foram nove dias consecutivos de alta e oito recordes no Plano Real. Desde 18 de julho que o dólar não caía. Já a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou o pregão viva-voz de quinta-feira, às 16h45, em queda de 0,03%, com o Índice Bovespa em 9.776 pontos. O volume financeiro era de R$ 702,3 milhões. Enquanto isso, o risco-país brasileiro despencava 8,93%, marcando 2.101 pontos.

Apesar da queda de R$ 0,32 em um único dia, nenhuma medida concreta foi anunciada para colocar fim à disparada da moeda americana. A redução das cotações resultou essencialmente da expectativa da iminência do anúncio de um acordo de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entrevistas do porta-voz do Fundo, Thomas Dawson, e do secretário do Tesouro americano, Paul O?Neill, alimentaram essa expectativa.

Em rápida entrevista coletiva de cerca de dez minutos, O?Neill, disse que apóia o Brasil, ?como sempre apoiou?. Essa foi a única menção ao incidente diplomático causado por suas declarações a uma TV americana, na qual insinuou que havia desvio de recursos concedidos aos países do Cone Sul por organismos internacionais. O secretário desembarca na próxima segunda-feira no Brasil, onde se reunirá com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro Pedro Malan e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, além de empresários. Ele disse ainda que apóia o acordo que está sendo negociado com o FMI.

A entrevista do porta-voz do Fundo, Thomas Dawson, foi o principal fato da manhã. Ele confirmou as negociações de emergência com o Brasil para a ampliação do acordo vigente, mas causou certo desconforto ao condicionar a extensão do acordo até o final de 2003 a um aval do próximo presidente da República. Segundo operadores, a queda expressiva de ontem é resultado da combinação entre o aumento da oferta e a retração da demanda. Quem tem dólares já se prepara para vender, antecipando-se à chegada de recursos do FMI.

Pelo mesmo motivo, quem pode esperar mais alguns dias para fechar suas operações de câmbio prefere aguardar cotações menores nos próximos dias. Nesse cenário, o Banco Central também contribuiu para a queda do dólar, com a venda da ração diária de US$ 50 milhões. Um segundo fator também está influenciando o mercado. Segundo operadores, uma pesquisa nacional a ser divulgada nos próximos dias mostraria uma redução da distância entre os candidatos Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB).

O dólar paralelo negociado em São Paulo fechou nesta quinta-feira em queda de 4,61%, cotado a R$ 3,00 na compra e R$ 3,10 na venda. No Rio, o ?black? caiu 1,58% e terminou o dia cotado a R$ 2,95 na compra e R$ 3,10 na venda. O dólar turismo de São Paulo fechou em baixa de 0,91%, a R$ 3,05 e R$ 3,25 na compra e venda, respectivamente. Os juros futuros negociados na BM&F, no entanto, operam em alta. Segundo operadores, o temor de que o FMI exija juros altos está ajustando as taxas para cima. O Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2003, o mais negociado, está em 25,50% ao ano, contra 25,20% de anteontem.

O principal índice de percepção do risco Brasil apresenta forte queda, embalada pela recuperação do C-Bond e queda do dólar.

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