A convocação do governo para que os principais fundos de pensão – Previ, Petros e Funcef – formem consórcios para disputar o leilão da Hidrelétrica de Belo Monte esbarra em impedimentos regulatórios e econômico-financeiros dessas fundações. Com patrimônio na casa dos R$ 140 bilhões, a Previ está, pela regulação brasileira, superexposta no setor de energia, com participações acionárias de peso na CPFL e na Neoenergia, geradoras e distribuidoras de eletricidade. Por isso, o fundo dos funcionários do Banco do Brasil só poderia atender ao apelo do governo por meio de empresas das quais participa do controle.
O problema é que a Previ já está presente – por meio das controladas Vale e Neoenergia – no único consórcio formalizado até agora, liderado pela Andrade Gutierrez. O fundo chegou a negociar a entrada em um segundo consórcio, via CPFL, outra das empresas controladas. A CPFL entraria na disputa com a Camargo Corrêa, Odebrecht e a Funcef. Esta semana, as duas construtoras desistiram do leilão, sob o argumento de que o projeto é economicamente inviável.
Originalmente, a CPFL entraria no leilão com as outras duas empresas controladas pela Previ – Vale e Neoenergia. Mas, segundo fontes, a mudança de rumo seguiu o esforço do governo para aumentar a concorrência. Além disso, a Camargo Corrêa, outra controlada da CPFL, também optou por negociar um consórcio concorrente com a Odebrecht. Por já estar no primeiro consórcio, a Previ teve de optar por não participar das decisões estratégicas do grupo formado pela Camargo e Odebrecht.
A rentabilidade do projeto é apontada por representantes dos fundos como o principal foco de preocupação. O edital prevê investimento de R$ 19 bilhões. Mas as construtoras alegam que Belo Monte demandará cerca de R$ 30 bilhões. Segundo o presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, análises mais profundas sobre o investimento apontavam para retorno financeiro “difícil”, muito próximo da meta atuarial do fundo, hoje baseada no INPC mais 5,5% ao ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.