Parmalat quer reassumir o controle da Batávia

A Parmalat começa a reagir na Justiça. O advogado Jorge Lobo, que renunciou ao cargo de interventor nomeado pela Justiça e agora atua como advogado da empresa, diz que a Parmalat vai recorrer da decisão judicial que tirou o grupo do controle da Batávia, de Carambeí (PR). Segundo ele, a defesa deve se basear no fato de que a maioria das decisões do Superior Tribunal de Justiça até agora não permitiu a exclusão de acionistas principais de sociedades anônimas.

Enquanto isso, a Parmalat S.A. Indústria de Alimentos começa a romper a resistência dos bancos credores: às vésperas do Carnaval, os interventores fecharam duas operações de desconto de duplicatas com dois bancos brasileiros.

Com isso, a empresa conseguiu levantar recursos para manter o fluxo de caixa e garantir um nível mínimo de operação nas suas fábricas. Todo dinheiro que entra é usado pelos novos gestores nomeados pela Justiça para pagar as despesas básicas da empresa (salários e algumas matérias-primas). Mas a situação está longe do normal.

Ontem funcionaram parcialmente as unidades de Jundiaí (SP), Garanhuns (PE) e Itaperuna (RJ). Em Garanhuns, segundo o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Pernambuco, Pio Guerra Jr., os produtores de leite continuam fornecendo cerca de 100 mil litros diários, embora neste ano só tenham recebido por três dias de entrega do produto.

Antes da crise, a empresa comprava 180 mil litros diários dos produtores pernambucanos e 120 mil dos de Sergipe e Alagoas, que desviaram a produção para outras indústrias.

Com a queda no fornecimento de leite para a empresa e o prolongamento da crise, as fábricas da Parmalat estão perdendo valor e transformando-se em “elefantes brancos”. A opinião é de Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).

Segundo estimativa da CNA, no ano passado a Parmalat captava cerca de 3 milhões de litros de leite por dia – hoje não capta mais do que 1,5 milhão de litros.

Jundiaí retoma atividades

Depois de quase 30 dias com as atividades paralisadas por falta de matéria-prima, a fábrica de biscoitos da Parmalat, em Jundiaí (60 km de São Paulo), retomou, anteontem, as atividades de forma parcial, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Alimentação de Jundiaí e Região.

A entidade informou que foram retomados cerca de 30% da produção da fábrica de biscoitos. O setor de sucos e chá da empresa continua parado.

Suspensão na Bolsa

A Bovespa informou ontem que continuam suspensos, por tempo indeterminado, os negócios com as ações da Parmalat do Brasil. A Bolsa aguarda cópia dos documentos que instruíram o pedido de concordata e esclarecimentos sobre os pedidos de falência. Os papéis da Parmalat estão suspensos desde 28 de janeiro, data do pedido de concordata preventiva.

Antes disso, a suspensão dos negócios já havia sido determinada no dia 13 de janeiro, quando a Bovespa pediu esclarecimentos sobre o pedido de falência contra a empresa, feita pela empresa de produtos alimentícios Orlândia.

A multinacional, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, entrou em concordata na Itália e está sob suspeita de fraude.

No Brasil, começou em janeiro a atrasar o pagamento de produtores de leite. O governo federal teve de intervir no caso e adotar medidas para evitar maiores prejuízos ao setor.

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