A Parmalat informou ontem que conseguirá pagar seus fornecedores em diversos países, com exceção do Brasil e dos Estados Unidos. A nova administração da Parmalat criou uma “unidade de crise” para ajudar a filial no Brasil, onde os pagamentos aos fornecedores não foram feitos.

Em um comunicado, assinado pelos administradores extraordinários da Parmalat, designados pelo governo para salvar o gigante da alimentação após ser descoberta em dezembro uma milionária fraude contábil, assinala-se que a atividade industrial do grupo se “estabilizou tanto ao nível nacional como internacional”.

No entanto, “algumas exceções foram registradas”, afirma o comunicado, ao indicar que os Estados Unidos e o Brasil são dois países em que os pagamentos aos fornecedores tiveram de ser adiados.

“Já estão trabalhando unidades de crise com o objetivo de ajudar os executivos locais para que possam frear as necessidades financeiras e conseguir um acordo com os bancos financiadores”, diz o comunicado.

A crise da Parmalat na Itália teve um efeito imediato no Brasil, onde a empresa decidiu desde meados de dezembro adiar os pagamentos aos fornecedores.

Três destes pediram que a empresa declarasse falência, para pagar suas dívidas, embora em princípio menores, em torno de milhares de dólares.

No Brasil, a Parmalat tem cerca de 6 mil trabalhadores e oito fábricas e suas receitas entre janeiro e setembro do ano passado não alcançaram 435 milhões de dólares.

A empresa informou também que a dívida líquida no final de setembro de 2003 totalizou mais de 14 bilhões de euros (US$ 17,59 bilhões), quase oito vezes o dado divulgado pelo grupo alimentício. A Parmalat havia dito nos resultados do terceiro trimestre que sua dívida naquela época era de 1,8 bilhão de euros.

Rombo da Parmalat é 8 vezes maior

São Paulo – A firma de auditores PricewaterhouseCoopers (PwC) informou ontem que a dívida líquida da multinacional italiana Parmalat, em concordata desde dezembro, depois da descoberta de uma fraude contábil milionária, é oito vezes maior do que a anunciada pela direção anterior, e que no Brasil e nos Estados Unidos foram criadas unidades de crise especiais para enfrentar o problema.

Um comunicado assinado pelos administradores extraordinários da Parmalat afirma que a PwC concluiu a primeira parte de seu trabalho de revisão das contas do grupo junto com o banco Mediobanca e Lazard. Segundo os auditores, a dívida líquida era, até 30 de setembro de 2003, de 14,3 bilhões de euros, ao invés do 1,8 bilhão de euros declarados pela antiga direção, atualmente detida. A PricewaterhouseCoopers foi contratada pelo comissário extraordinário designado pelo governo para salvar a Parmalat, Enrico Bondi.

Segundo a firma de auditoria, as disponibilidades financeiras do grupo italiano não são importantes. No comunicado, a Parmalat esclarece que pode pagar “os fornecedores correntes”, com exceção dos do Brasil e dos Estados Unidos, onde foram criadas “unidades de crise” com o objetivo de dar assistência aos executivos locais. A nova direção da Parmalat espera assim “que se possa frear as necessidades financeiras e obter um acordo com os bancos nesses dois países”.

Alguns bancos devem liberar recursos para a Parmalat do Brasil dentro de 10 dias, assim que houver uma posição mais clara da situação financeira da empresa. A matriz italiana, porém, não deve mandar dinheiro para a subsidiária brasileira, que responde por metade dos negócios na América Latina. Citigroup, Bank of America e Standard Chartered, alguns dos integrantes de um comitê de credores, “são os que estão mais avançados em termos de liberação” de novos empréstimos.

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