A Parmalat não enviou recursos para fora do país nos últimos quatro anos. Pelo menos não pela Parmalat Brasil -braço industrial do grupo. Documento do Banco Central mostra que a empresa não fez nenhuma remessa ao exterior neste período. De acordo com a carta, datada no último dia 23, a Parmalat Brasil não enviou nenhuma “transferência internacional de reais” no período de janeiro de 2000 a 20 de janeiro de 2004.
No entanto, isto não significa que a Parmalat não tenha feita remessas para a Itália ou outros destinos internacionais por meio de outras empresas do grupo. Gianfranco Bocchi, um dos contadores da Parmalat, afirmou na Itália que uma “montanha de dinheiro” teria sido enviada ao Brasil.
Preso em dezembro por suspeita de fraude, Bocchi disse que o dinheiro desviado da Parmalat estava na Carital do Brasil e Wishaw. A Parmalat informa que a Carital não é mais controlada pela Parmalat Brasil. Segundo a empresa, a Carital é administrada diretamente pela Parmalat da Itália.
A Carital pertenceu à Parmalat Brasil até 1999. Depois disso, a empresa continuou representando os interesses da empresa italiana na área esportiva e comprou várias empresas da própria Parmalat do Brasil.
Banestado
Os negócios da Wishaw Trading já foram alvo de investigação da CPI do Banestado. Documentos do BC mostram que a Wishaw teria recebido, junto com a Carital, remessas, via contas CC-5, da holding da Parmalat e suas controladas, entre 1996 e 2002.
Neste período teriam sido remetidos para a empresa no Uruguai R$ 583,8 milhões.
Renúncia
Três membros do conselho de administração da Parmalat Brasil entregaram ontem seus cargos. O pedido de renúncia foi feito para poder dar espaço para outras pessoas. Os lugares podem vir a ser ocupados por representantes dos bancos credores. Desta forma, a Parmalat tentaria fechar um acordo com os bancos para refinanciar sua dívida.
O passivo bancário da empresa é de R$ 230 milhões, segundo relatório do comitê fiscalizador nomeado pela Justiça. Também se cogita ceder os lugares para possíveis interventores que venham a ser nomeados pelo governo.
No entanto, a empresa se considera viável e acredita que é possível fechar um acordo com o governo sem passar por intervenção.
Este acordo – que poderia socorrer financeiramente a Parmalat – estaria condicionado à garantia de emprego dos 6.000 funcionários no País e manutenção das atividades das oito plantas industriais, além de pagamento dos produtores de leite.
Ontem a empresa prometeu que pagaria os produtores das regiões Centro e Nordeste do País, mas isso não ficou confirmado até o final da tarde.