Parlamentares da chamada ala independente do Congresso Nacional protocolaram, na quarta-feira, 25, na Justiça Federal uma ação popular com pedido de cautelar para suspender o leilão do campo de Libra no pré-sal. O grupo alega que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) feriu a legislação brasileira por não ter submetido o texto do edital ao acompanhamento do Tribunal de Contas da União (TCU).

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Eles se apoiam ainda nas denúncias de espionagem praticadas pela Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, que teria violado dados da Petrobras, de ministros e da própria presidente Dilma Rousseff em benefício de empresas. “Esse leilão já está viciado. É no momento o maior negócio do mundo. O governo precisa ter cautela”, disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um dos idealizadores do movimento.

Para o senador, seria contraditório o governo brasileiro manter o leilão, previsto para 21 de outubro, especialmente depois do pronunciamento da presidente na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). “Ela disse em rede mundial que interesses econômicos levaram o País a ser espionado. Não dá para manter um negócio que já se sabe ter sido alvo disso. O governo está sendo irresponsável”, acrescentou.

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Além dos integrantes do PSOL da Câmara – os deputados Jean Wyllys, Chico Alencar (RJ) e Ivan Valente (SP) -, o senador Pedro Simon também encampa a iniciativa. Desde o início do mês, quando foi revelada a espionagem à Petrobrás, o senador tem usado a tribuna do Senado para pedir a suspensão do leilão. “Reparem: a sabotagem dos dados e o lançamento por parte do governo federal sem esperar a avaliação prévia do texto pelo Tribunal de Contas da União, do edital para o leilão bilionário para 21 de outubro.” Para eles, tanto o edital como o contrato contêm artigos que favorecem os consórcios em detrimento da União.

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Os senadores pedem que a cautelar seja julgada até 20 de outubro, um dia antes do leilão. Em outra frente, vão pressionar os congressistas a votar um projeto de decreto legislativo que já tramita na Câmara por meio do qual também esperam suspender a realização do leilão.

Na semana passada, o diretor da ANP Helder Queiroz disse que as denúncias de espionagem pela agência americana não afetam a realização do leilão. Para ele, a ausência de provas de que houve vazamentos de informações relacionadas à licitação justificam a manutenção da data prevista.

Ao todo, 11 empresas manifestaram interesse em participar do primeiro leilão na área do pré-sal. Cada uma delas precisou desembolsar R$ 2 milhões para pagamento de uma taxa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.