O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Tarifa de Energia, aguardado para esta tarde, deverá trazer acusações pesadas contra ex-dirigentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Deputados da comissão dizem ter fortes indícios de que diretores e outros funcionários do comando da agência usavam os cargos para favorecer empresas que deveriam fiscalizar. “A Aneel foi capturada pelas distribuidoras de energia”, diz o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), presidente da comissão. “Os diretores da agência já saem de lá com emprego garantido para alguma empresa que ajudaram quando estavam lá dentro.”
As suspeitas atingem grandes empresas de energia, distribuidoras regionais e pessoas que tiveram papel estratégico na Aneel antes de mudar de lado e ir para a iniciativa privada. O ex-diretor-geral José Maria Abdo e outros dois colegas são citados como suspeitos do suposto favorecimento a uma empresa do Grupo Neoenergia. Eles autorizaram a empresa a repassar quase R$ 300 milhões à tarifa cobrada dos consumidores em Pernambuco. Pouco depois, quando Abdo e os colegas deixaram a Aneel, montaram uma consultoria e foram trabalhar para a Neoenergia.
“Vamos repassar tudo ao Ministério Público para que investigue essas suspeitas”, afirma Fonte. Os acusados dizem que é tudo fantasia dos deputados, que agiram dentro da lei e, mesmo que quisessem, não poderiam ter decidido nada sozinhos, já que as decisões na Aneel são colegiadas.