Brasília (ABr) – Metade das empresas brasileiras fecha as portas antes de completar dois anos de atividade. Para evitar a alta taxa de falência, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) assinaram ontem uma parceria para fornecer assistência gratuita às empresas recém-formadas por meio do Projeto Interação Sebrae e Juntas Comerciais.
Inicialmente, o ministério espera atender com o projeto cerca de 450 mil empresas, justamente o número de empreendimentos que são constituídos por ano no Brasil. O secretário de Comércio e Serviços, Edson Lupatini, acredita que o principal motivo de falência precoce é a falta de informação. De acordo com o Sebrae, de cada 100 novas empresas, 47 fecham as portas antes de completarem dois anos de existência.
?Ela (a empresa) já nasceu de uma forma não muito boa e depois vai trabalhar sem qualquer tipo de apoio, sem esse atendimento mais próximo, sem capacitação, sem um direcionamento por parte dos órgãos públicos para mostrar quais são os instrumentos de apoio de que dispomos?, explica Lupatini.
Foi o que aconteceu com o salão de beleza do microempresário Iran Vaz Eduardo, 52 anos. A empresa fechou as portas apenas oito meses após a inauguração e com um prejuízo estimado em R$ 100 mil.
?Fui para o salão sem me informar a respeito, o pior negócio que eu fiz foi esse. Hoje, vejo que salão, se não for um cara do ramo e um profissional que tenha clientela, não adianta você abrir o mais bonito que não entra ninguém?, conta Iran, que decidiu mudar de ramo e abrir uma revenda de automóveis.
O acordo para ajudar os empresários será firmado com as juntas comerciais de todo o País, vinculadas à recém-criada Secretaria de Comércio e Serviços (SCS) do MDIC. A secretaria vai ser a responsável por passar informações ao Sebrae sobre os registros de novas empresas feitos pelos empresários.
?A estratégia é você ter nesses lugares, que são as juntas comerciais e todas as unidades descentralizadas juntas, que somam 530 no País todo, uma maneira de pegar aquela empresa que está nascendo e capacitá-la?, afirma o secretário Edson Lupatini.
O diretor-técnico do Sebrae Luiz Carlos Barboza explica que o Sebrae entregará uma cartilha contendo uma série de dicas de como os empresários devem tocar os negócios. Na cartilha, a instituição também coloca à disposição do empresário serviços como cursos, consultorias e acesso à tecnologias.
?Nós queremos dar um tratamento contínuo e dedicado a cada um desses empresários para que eles possam ter os seus negócios prosperando e com isso saírem dessa estatística da elevada mortalidade nos dois primeiros anos de vida de uma empresa que é aberta?, diz Barboza.