Os problemas de acesso, dragagem e custos operacionais estão fazendo o Porto de Santos enfrentar uma desenfreada ?fuga de cargas?, especialmente de produtos industrializados, de alto valor agregado, para os portos de Paranaguá (PR), Vitória (ES) e Rio de Janeiro (RJ). Uma pesquisa do Ipea Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, encomendada pela Codesp – Companhia Docas do Estado de São Paulo, revela que, só este ano, US$ 3 bilhões em cargas produzidas por empresas na área de influência do porto de Santos foram escoadas em sua maioria pelo Porto de Paranaguá, atraídas pelo preço das tarifas e pelas obras de infra-estrutura, que permitem mais agilidade e eficiência nos embarques de mercadorias.
Entre as empresas que optaram pelo Porto de Paranaguá está a Volkswagen Transport, que transferiu parte dos carros destinados à exportação para o porto paranaense, apesar de sua indústria em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, estar bem mais próxima do sistema portuário santista.
Atualmente, cada contêiner escoado por Santos chega a ter um acréscimo de R$ 200,00 a R$ 300,00 em seu preço final por causa dos problemas de infra-estrutura e de um planejamento mais eficiente das autoridades que administram aquele sistema portuário. Ele disse que não há produtividade em Santos, onde, por mês, um ?caminhão-cegonha? trabalha 16 dias, porque fica parado esperando para descarregar.
Para Schues, o custo adicional ganha destaque com a variação do câmbio desfavorável a exportação, porque compromete o preço competitivo dos produtos brasileiros, especialmente os escoados pelo porto de Santos. Mas, segundo ele, a causa da ?fuga de cargas? do porto de Santos deve-se também a suspensão no mês passado das obras de dragagem do Terminal de Exportação de Veículos, de Guarujá, devido a problemas com monitoramento ambiental.
A profundidade em frente ao terminal é de apenas 8 metros, quando seriam necessários pelo menos um metro e meio a mais, para receber navios de maior calado. Com isso, o volume de carros embarcados por aquele terminal é pequena, cerca de 600 carros. Enquanto isso, os embarques de veículos pelo Porto de Paranaguá batem recorde de unidades exportadas e receita cambial gerada.
Dados divulgados pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) mostram que de janeiro até a primeira quinzena de agosto, 72.007 veículos já foram exportados contra pouco mais de 17,2 mil veículos no mesmo período de 2004. No acumulado de janeiro a maio de 2005, foram gerados US$ 386 milhões de receita cambial ou seja o dobro do valor verificado no ano passado.
A expectativa é que a Volkswagen do Brasil exporte neste ano 104 mil veículos e, numa projeção maior, aproximadamente, 140 mil em 2006. Volumes expressivos se comparados ao histórico do Porto de Paranaguá em relação ao volume de embarques de veículos. Nos últimos cinco anos, entre exportações e importações, o porto vem movimentando, em média, 62 mil veículos. Só na exportação, a média do mesmo período chega aos 40 mil veículos ano.
