Só os paranaenses mais ricos conseguem equalizar as receitas e as despesas mensais. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, entre as famílias do Estado que ganham até R$ 4.150, a média dos rendimentos é sempre menor que a média dos gastos.

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A informação faz parte da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008 e 2009, que detectou, também, que em média, as mais de 3,3 milhões de famílias paranaenses mais ganham (R$ 2.901,27) do que gastam (R$ 2.818,42).

A pesquisa do IBGE apontou que, na faixa mais baixa de renda, a diferença entre as despesas e os rendimentos é maior. Entre as famílias que recebem até R$ 830 por mês, a média de ganhos é de R$ 570,36, enquanto os gastos chegam a R$ 927,42. O déficit mensal para essas famílias chega, portanto, a R$ 357,06.

Os gastos também superam os ganhos na faixa de renda em que há mais famílias, no Paraná. Entre as mais de 1,1 milhão de famílias cujo rendimento está entre R$ 1.245 e R$ 2.490, os rendimentos médios são de R$ 1.808,37, enquanto as despesas atingem R$ 1.887,20. O analista do IBGE, Luís Alceu Paganotto, afirma que o fenômeno ajuda a aumentar o endividamento da maioria das famílias paranaenses.

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Ainda assim, a pesquisa traz dados positivos, como um aumento real no rendimento médio das famílias do Estado. Em 2002 e 2003, quando a pesquisa foi realizada pela penúltima vez, as famílias recebiam R$ 1.858 mensais. Já em 2008 e 2009, o valor passou para R$ 2.818.

Descontada a variação da inflação no período, a evolução ainda fica em 9,9%. No entanto, a renda, no Paraná, é inferior à encontrada nos outros estados da Região Sul: em Santa Catarina, o rendimento médio é de R$ 3.509 e no Rio Grande do Sul, de R$ 2.962. A média nacional é de R$ 2.626.

Distribuição

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Paganotto destaca que, com o aumento no rendimento, as famílias puderam distribuir melhor os seus gastos. Se, há seis anos, os paranaenses gastavam 35,4% do que recebiam com habitação, no ano passado a proporção caiu para 34,8%.

A alimentação também passou a representar uma parcela menor dos gastos, caindo de 19% para 18,2%. Por outro lado, as despesas com transporte aumentaram de 21,6% para 23,1%, bem como as com assistência à saúde (6,1% para 7,5%).

Outra mudança que o analista do IBGE considera importante foi na fonte dos rendimentos das famílias do Estado. Na pesquisa anterior, 65,3% da renda vinha do trabalho. Agora, a taxa caiu para 63,8%.

Em contrapartida, a proporção de rendimentos obtidos através de transferências – como aposentadorias e programas como bolsa-família, por exemplo – aumentou significativamente, de 11% para 18%.

Nacional

Assim como no Paraná, a maior parte das famílias brasileiras também gasta mais do que ganha. Nada menos que 68,4% das famílias do País têm, em média, uma despesa mensal superior ao rendimento, segundo a última POF.

Na camada mais baixa de renda da pesquisa, para rendimentos mensais de até R$ 830, as despesas médias mensais, no ano passado, totalizavam R$ 744,98, enquanto o rendimento médio era de R$ 544,21.

Como resultado desse aperto nas contas familiares, 75,2% das famílias entrevistadas revelaram que têm dificuldade para esticar a renda até o fim do mês. O resultado também é inferior à POF anterior (85,5%). Por outro lado, as famílias com “muita facilidade” para fechar o mês não ultrapassam 1% do total.