O produto que mais sofreu com os efeitos das geadas que ocorreram no Paraná, há 10 dias, foi o milho safrinha. Conforme levantamento oficial feito pelo Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, foram perdidas 593.864 toneladas de milho safrinha, o que corresponde a 14% da previsão inicial de produção. Segundo o secretário da Agricultura e vice-governador Orlando Pessuti, apesar das perdas provocadas pela seca que persistiu de janeiro a março, seguida de chuvas e recentemente pelas geadas, o Paraná ainda deverá encerrar a colheita com a segunda maior safra da história, com uma produção total de 26,5 milhões de toneladas de grãos.
Os prejuízos com os efeitos das geadas e da seca foram divulgados ontem, durante solenidade de abertura do Seminário Estadual de Construção do Sistema de Assistência Técnica Estadual para a Agricultura Familiar no Paraná.
De acordo com o secretário, os efeitos das geadas na produção de grãos de inverno vão afetar pouco o desempenho total das culturas. “Evidentemente que tem produtor que perdeu muito, mas a maioria conseguiu se safar”, ponderou.
Pessuti está apostando na safra 2004/2005 para atingir a meta de produção de 30 milhões de toneladas de grãos no Paraná. Segundo ele, a divulgação do plano safra, que deverá injetar R$ 39,5 bilhões na agricultura empresarial no País e R$ 7,5 bilhões para a agricultura familiar, vão criar as condições necessárias para que a próxima safra tem tudo para ser melhor do que foi a anterior, comparou.
Outros prejuízos
Do total de perdas com o milho safrinha, 273.227 toneladas foram provocadas pela seca do primeiro trimestre do ano. Outras 320 mil toneladas foram perdidas em função das geadas. O prejuízo dos agricultores deve ser de R$ 168 milhões, segundo cálculos do Deral. As perdas mais acentuadas ocorreram mais nas regiões Oeste e Sudoeste do Estado. O município de Cascavel perdeu 192 mil toneladas, Francisco Beltrão perdeu 170 mil toneladas e Toledo, 146 mil toneladas. Além do milho safrinha, também foram perdidas 10% da produção de soja safrinha, que corresponde a 12 mil toneladas, e 15% da produção de feijão da segunda safra, que corresponde a 29.400 toneladas.
Prioridade será para agricultura familiar
Durante o encontro que está discutindo um novo modelo de assistência e extensão rural, Pessuti destacou que a prioridade é o atendimento da Agricultura Familiar. Ele lembrou que as políticas e programas que vêm sendo desenvolvidos pela Secretaria da Agricultura já foram adaptadas para atender esse público. Um dos instrumentos para consolidar essa política é a instituição do Fundo de Aval, que dará condições para que mais famílias de pequenos agricultores tenham condições de acessar os recursos das instituições financeiras.
Para o secretário, os instrumentos adotados até agora pelo governo devem se complementar com a construção de uma política de desenvolvimento rural sustentado. Pessuti defendeu que esse novo modelo privilegie a integração das ações dos órgãos dos governos estadual, municipais, Organizações Não-Governamentais e entidades da iniciativa privada como cooperativas de pequenos produtores, Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Paraná (Fetaep) e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
Pessuti argumentou que o Estado sozinho não tem mais como atender as necessidades da extensão rural. Por isso é necessário concentrar o trabalho de todas as instituições para dar suporte à agricultura familiar, que é o setor responsável pela colocação dos alimentos do dia-a-dia na mesa do brasileiro. “É ela a responsável pela produção do feijão, arroz, leite, frutas e verduras na nossa mesa diariamente”, lembrou. “Daí, a necessidade de uma atenção especial”, complementou.
Plano safra
O secretário nacional da Agricultura Familiar, Walter Bianchini, anunciou, durante o Seminário Estadual de Construção do Sistema de Assistência Técnica Estadual para a Agricultura Familiar no Paraná que, na próxima segunda-feira (28), será anunciado, em Brasília, o Plano Safra 2004/2005 para a agricultura familiar. Dos recursos disponíveis, o Paraná deverá receber cerca de R$ 700 milhões, contra os R$ 540 milhões liberados na última safra.