O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, anunciou ontem a aprovação do financiamento, no valor de R$ 26 milhões, para a Corol Cooperativa Agroindustrial, de Rolândia, que será aplicado na implantação de uma unidade industrial de moagem de trigo. Com o projeto, a cooperativa poderá processar anualmente 128 mil toneladas de grãos. O investimento total na unidade é de R$ 41 milhões, sendo que R$ 14,8 milhões vêm de recursos próprios da Corol. Aproveitando a passagem por Curitiba, Fiocca também garantiu a realização de um financiamento de R$ 50 milhões para o Hospital Cajuru.
O primeiro anúncio foi feito ontem, em Curitiba, durante o Fórum dos Presidentes de Cooperativas Paranaenses, promovido pelo Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). O financiamento para a Corol foi aprovado dentro do Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop), a ser repassado pelos agentes financeiros da operação – Banco do Brasil e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE).
A unidade onde será instalada a indústria de moagem já dispõe de infra-estrutura adequada, com capacidade para 50% da estocagem necessária, armazém graneleiro, três silos, entre outros equipamentos e serviços. A Corol comercializa soja, milho, café, cana-de-açúcar e laranja, além de industrializar vários produtos. A cooperativa possui 7,5 mil associados e 1,4 mil empregados. A nova unidade de moagem de trigo vai criar 76 empregos diretos e 50 indiretos.
O BNDES possui 23 operações em andamento no setor agropecuário do Paraná, com investimentos de R$ 481 milhões. Entre os beneficiados estão 10 cooperativas. Neste ano, a instituição já liberou R$ 1,6 bilhões para investimentos em diversos segmentos no Estado. O montante chegou a R$ 3,3 bilhões em 2005, o que representa 35% dos valores destinados para a região sul.
Para o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, o Prodecoop é um programa que vem rendendo bons frutos às cooperativas paranaenses, pois oferece linha de financiamento com juros controlados e um prazo maior para o pagamento. Koslovski conta que a entidade fez uma aproximação com o BNDES. Isso poderia fazer com que mais cooperativas negociassem diretamente com o banco, sem intermédio de agentes financeiros. Trinta das setenta cooperativas agropecuárias já fazem este relacionamento direto.
Cajuru
No final da manhã, Fiocca ainda assinou, com a mantenedora do Hospital Cajuru, a Associação Paranaense de Cultura (APC), um contrato de financiamento de R$ 50 milhões, cujo prazo de carência é de seis meses e 84 meses de amortização. Segundo o presidente do BNDES, a ação faz parte ?da estratégia da atual gestão de apoiar empreendimentos importantes para o desenvolvimento social e regional em todo o País?. Os recursos adquiridos junto ao banco devem ser aplicados em melhorias na estrutura do hospital.
Demian Fiocca também visitou a América Latina Logística (ALL), empresa na qual o BNDES possui investimentos de R$ 1,5 bilhão por meio de troca de ações, e hoje ele visita a fábrica da Klabin, em Telêmaco Borba. Para esta indústria, o BNDES aprovou um financiamento de R$ 1,7 bilhão, sendo considerado o quinto maior financiamento da história da instituição. O investimento total na Klabin é de R$ 2,6 bilhões para compra de novos equipamentos, entre outras ações. Segundo Fiocca, alguns setores da economia, como os petroquímico, siderúrgico, celulose, petróleo e gás, voltaram a fazer grandes investimentos depois de muito tempo. ?Isto acontece pela combinação da vontade de fazer com a demanda de diversos setores, que estão mais confiantes na economia. Os empresários estão se sentindo mais seguros sobre os próximos anos?, explica.
Liderança mantida na produção de grãos
O Paraná se mantém como o maior produtor de grãos do Brasil. A informação faz parte do último levantamento da produção brasileira realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os dados apontam ainda que, com uma safra de 23,82 milhões de toneladas, o Estado passa a responder por 20% da produção nacional.
Segundo a Conab, o Brasil deverá colher 119,9 milhões de toneladas de grãos na safra 2005/06. São 6 milhões de toneladas a mais que a registrada na safra anterior, quando o País produziu 113,9 milhões de toneladas. Em relação ao levantamento de agosto, a produção nacional cresceu 0,2%. Já na comparação com a safra passada, a elevação deve ficar em 19,1%.
O secretário da Agricultura, Newton Pohl Ribas, informa que só a produção de milho no Paraná deverá chegar a 11,19 milhões de toneladas. ?Considerando as duas safras de milho no Estado, nossa produção corresponde a 27% do que deverá ser colhido no País. A produção nacional está estimada em 41,7 milhões de toneladas?, acrescentou.
Quanto ao feijão, o Paraná deverá responder por 792 mil das 3,47 milhões de toneladas produzidas no Brasil. ?Devemos lembrar que a produção do Estado refere-se às três safras que temos durante o ano. Conforme o levantamento da Conab, o Paraná deverá responder por 23% da produção brasileira?, disse Ribas.
Com uma produção estimada em 1,5 milhão de toneladas, o Paraná deverá se manter também como o maior produtor de trigo do País e responder por 31% da produção nacional. A safra brasileira deverá ficar em 4,9 milhões de toneladas de trigo.
O Paraná também se consolida como o segundo maior produtor de soja do Brasil. De acordo com a Conab, o Estado poderá ser responsável por 17% dos 53,4 milhões de toneladas que deverão ser colhidas no País. Na safra 2004/05, o Paraná colheu 9,5 milhões de toneladas de soja.