A Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) deve solicitar na segunda-feira, ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, a suspensão das campanhas de vacinação contra a febre aftosa no Paraná.
O pedido é um dos passos para tornar o Estado reconhecidamente livre da aftosa sem vacinação, condição que atualmente é ostentada apenas por Santa Catarina. Stephanes deve vir a Curitiba para receber pessoalmente o pedido da Seab, que será entregue pelo secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, após a reunião extraordinária do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa).
O órgão vai avaliar os procedimentos técnicos adotados para frear o avanço da doença no Estado. Caso a petição ao Ministério da Agricultura seja aceita, a suspensão das campanhas pode acontecer a partir de junho deste ano, e ser imediatamente substituída por um sistema de vigilância e controle de trânsito de animais.
O processo de aprovação ainda envolve vistorias do Ministério, que irá verificar se o Estado está cumprindo as normas nacionais e internacionais de sanidade agropecuária.
Expectativa
O pedido é visto com expectativa pelo setor agropecuário paranaense, já que o status de área livre da aftosa, sem vacinação, é exigência de muitos países para a compra de carnes e derivados.
O impacto esperado no mercado é grande, já que o Paraná, que promove campanhas de vacinação contra a febre aftosa duas vezes por ano, ininterruptamente, há 40 anos, seria o primeiro estado brasileiro com expressão em bovinocultura de corte a atingir a condição.
De acordo com dados divulgados no final do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rebanho bovino paranaense, em 2008, era de 9,6 milhões de cabeças mais que o dobro do catarinense, que tem 3,9 milhões de cabeças.
Histórico
Em 1998, os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina foram os primeiros a serem reconhecidos como zona livre de febre aftosa com vacinação. Na época, o Paraná foi considerado zona tampão, que impedia a entrada da doença no restante da Região Sul.
Em 2000, ao mesmo tempo em que a febre aftosa voltou aos outros Estados do Sul, o Paraná era, junto com o Distrito Federal e parte de Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo, reconhecido livre da doença, com vacinação. Santa Catarina e Rio Grande do Sul recuperaram a condição em 2002, mantendo-a desde então.
Em outubro de 2005, o vírus da doença foi reintroduzido no País pelo Mato Grosso do Sul e atingiu, em seguida, o Paraná. Pouco depois, vários estados tiveram suspensas as condições de livres da aftosa com vacinação. Em 2007, Santa Catarina, que não teve o status suspenso, se tornou o único Estado considerado área livre da doença, sem vacinação.
