A média mensal de vagas abertas no Paraná tem sido de aproximadamente 17 mil, dentre as quais 6,5 mil estão em Curitiba, de acordo com o acompanhamento da Secretaria Estadual do Trabalho, Emprego e Promoção Social (SETP). Para mapear os diferentes fatores, que causam essa lacuna entre a demanda do setor produtivo e a qualificação desejada para tais vagas, o governo lançou, nesta segunda-feira (20), o Sistema Estadual de Qualificação (Sistema S) durante a primeira reunião de trabalho do Paraná Competitivo com foco na formação da mão-de-obra.
Segundo o secretário estadual do Trabalho, Luiz Claudio Romanelli, há vários grupos da sociedade que podem vir a preencher tais vagas, visto que determinados grupos ainda são acometidos pela ausência de oportunidades. Um desses grupos é o de jovens de baixa renda, entre 18 e 29 anos, que apresentam uma formação deficiente e, como resultado, 25% deles não conseguem preencher os requisitos das vagas.
“Um dos objetivos do Sistema S é reunir mecanismos que venham aproximar as centenas de iniciativas que promovem formação profissional no Paraná, do público que carece de qualificação e das empresas que contratam e ao mesmo tempo demandam de trabalhadores para funções específicas”, destaca Romanelli. O governador Beto Richa, que encerrou a reunião, enfatizou que essa ação integrada vem na direção das ações do programa Paraná Competitivo. “Estamos na iminência de um apagão de mão-de-obra em todo o país. Dentro da visão de estabelecer um ambiente favorável às empresas que estão aqui ou pretendem se instalar, precisamos atender ao requisito de oferecer mão-de-obra qualificada aos investidores”, aponta.
Tal condição, conforme o secretário municipal do Trabalho de Curitiba, Paulo Bracarense, fez com que uma empresa do setor de Tecnologia da Informação (TI), suspendesse a decisão de investir na capital. “Estamos vivendo o chamado bônus demográfico, assim como ocorreu no Japão. Temos entre 20 e 25 anos para investir pesado na educação de todos os níveis (Fundamental, Ensino Médio e Superior) para que, no futuro, não precisemos correr para cobrir o apagão de mão-de-obra como alguns setores têm feito atualmente”, alerta.
Tanto o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscom-PR), quanto o Sindicato da Indústria da Carne do Paraná (Sindicarnes-PR) confirmam o problema. “O Senai oferece uma boa formação na área da Construção Civil, porém, a necessidade do setor é muito maior do que se consegue formar”, revela o presidente do Sinduscon-PR, José Eugênio Gizzi. “Faltam desossadores em todo o Paraná. Temos uma necessidade muito grande desse tipo de profissional e que não está sendo atendida”, acrescenta o presidente do Sindicarnes-PR, Péricles Salazar.
Desafio
Outra questão pontual que o Paraná tem pela frente é conseguir atender a demanda da Foxconn, gigante mundial do setor de tecnologia em telas inteligentes, que planeja se instalar no Brasil, com uma planta que gerará 100 mil empregos diretos. “Estamos finalizando uma proposta para a empresa. O grande desafio é suprir a demanda por 20 mil engenheiros que a fabricante necessita”, afirmou o secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros.