A primeira usina a gás natural do Programa Prioritário de Termelétricas, que o governo federal lançou há dois anos para diminuir os riscos de apagão e afastar a necessidade de racionamento, foi inaugurada ontem, em Araucária. A usina vai gerar 460 MW de energia, com capacidade para abastecer 60% de Curitiba e Região Metropolitana, beneficiando 1,5 milhão de pessoas. O gás é proveniente do gasoduto Brasil-Bolívia e o empreendimento é realizado em conjunto pela Copel, Petrobrás e a companhia texana de gás natural El Paso Energy. Na obra foram gastos US$ 340 milhões.
A energia produzida será incorporada ao sistema de distribuição da Copel que atende a Região Sul e Sudeste do país. Mas a Região Metropolitana, com seu parque industrial, será a grande beneficiada. O risco de racionamento, que já era mínimo, praticamente deixa de existir. Além disto, as ameaças de apagões provocados por problemas no sistema de transmissão diminuem consideravelmente. Hoje, a energia consumida na região percorre cerca de 300 quilômetros até chegar à Capital e neste caminho pode acontecer diversos incidentes. Agora, da usina até as distribuidoras, o trajeto diminui para cerca de 5 quilômetros.
O custo de produção de energia nas termoelétricas é mais alto que nas hidrelétricas. No entanto, é difícil mensurar a diferença já que o gás é pago em dólar. De acordo com o ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, o governo federal está estudando subsídios para o setor para que a usina possa competir em pés de igualdade com as de modo convencional. Ele também afirmou que mesmo entrando em operação as outras 19 termoeletricas, previstas no plano, a população vai continuar pagando os seguro apagão até 2005, já que ele é uma espécie de aluguel de energia, e não corresponde ao valor que seria pago pelo uso dela.
Mesmo sendo mais cara, o gerente da unidade, Raul Munhoz Neto, afirma que não haverá nenhuma alteração na tarifa para o consumidor, já que a energia se incorpora ao sistema. Tirando o custo, este tipo de geração de energia parece ser mais vantajoso. A principal delas é que não causa danos ambientais, como a inundação de grandes áreas para a construção de barragens e ainda a necessidade deslocar moradores. A sua composição e queima é quase isenta de componentes que trazem danos ao meio ambiente. Mas os ganhos não param por aí. Para se construir uma hidrelétrica com a mesma capacidade da termoelétrica de Araucária, seriam necessários entre cinco e seis anos, contra dois da unidade. Além disto, fica descartada a dependência de chuvas e o lugar para a sua instalação não é muito exigente.
Produção
A energia será gerada a partir do ciclo combinado de duas turbinas a gás e uma a vapor. A Compagás será responsável pelo suprimento diário de 2,2 milhões de metros cúbicos. Apesar de inaugurada ontem ela só vai começar a produzir na próxima semana, a mini-refinaria que vai beneficiar o gás para ser usado, ainda precisa de alguns ajustes. Hoje no pais apenas 2% das usinas operam neste sistema. “Esta unidade significa um grande avanço para que não tenhamos mais que depender unicamente das hidrelétricas como fonte de energia. Com isso aproveitamos ainda mais nossas condições de geração de energia”, afirmou o governador Jaime Lerner.