Melhorar e desenvolver cada vez mais a tecnologia e cadeia produtiva do leite é o desafio do governo do Paraná, associações e produtores rurais. O Estado, que é referência nacional e terceiro maior produtor nacional, atrás apenas de Minas Gerais e Goiás, possui, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), datados de 2007, o município que mais produz leite no País: Castro, localizado na região dos Campos Gerais.
Além disso, Marechal Cândido Rondon, Toledo e Carambeí figuram na lista das cidades campeãs em produção leiteira, em terceiro, quarto e nono lugares, respectivamente. A quantidade total de leite produzido no Brasil é estimada em 270 bilhões de litros, dos quais o Paraná representa 2,7 bilhões (10%).
Segundo o veterinário e técnico da área de leite do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), Fábio Mezzadri, o governo, por meio da Coordenadoria do Leite, vem buscando oferecer cursos de capacitação, especialização, reciclagem, manipulação do leite, entre outros, para garantir aos produtores acesso constante à informação e conhecimento de novas tecnologias e maquinários para se trabalhar nessa área.
“O Paraná tem um ótimo potencial nesse campo. Atentos a isso, buscamos oferecer esses cursos a fim de que as pessoas que lidam com essa atividade possam sempre melhorar a produção e garantir cada vez mais a qualidade do produto. Pelo fato da maioria das pessoas que trabalham com gado leiteiro ser de agricultura familiar, temos essa preocupação. Felizmente, é um trabalho em que a gente vê o resultado”, garante Mezzadri.
Ele diz também que as regiões dos Campos Gerais, oeste e sudoeste do Paraná, são destaques nessa produção. “Os Campos Gerais, em particular Castro e Carambeí, possuem a maior produção por animal, em média 10 mil litros de leite por vaca/ano. Contudo, o oeste, com destaque a Toledo e Marechal Cândido Rondon, e o sudoeste tem um volume maior de produção, representando 49% de todo o leite produzido no Estado”, informa.
O mercado também está propício para o leite paranaense. Mezzadri afirma que o produto tem muito boa aceitação no Brasil devido a sua qualidade. O preço pago por litro, cerca de R$ 0,70, é considerado bom, embora ainda não seja o ideal.
“O valor poderia ser um pouco maior, todavia, com esse preço, o produtor consegue obter uma boa renda e não paga para trabalhar. Por sermos uma referência nacional e por contar com produtores empenhados em melhorar cada vez mais a produção, o nosso leite tem uma ótima aceitação e existe uma boa oferta por ele”, afirma.
Qualidade depende da dedicação do produtor
Para chegar a esse patamar de qualidade e reconhecimento, os produtores paranaenses tiveram que suar a camisa. Não basta apenas ter boas vacas e maquinário, como atesta o médico veterinário e coordenador estadual de leite do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Luiz Augusto Pfau.
“O produtor precisa muita dedicação na atividade e principalmente muita atenção durante a ordenha. Tomando o devido cuidado nesse trabalho, garante uma boa qualidade para o leite. Porém, só isso não basta. Precisa verificar também, com frequência, o controle sanitário do rebanho, dar água de boa qualidade e ter uma rotina de ordenha. São práticas que levam a se produzir um leite de qualidade. É necessário também investimento em alguns equipamentos, como o resfriador de expansão de 500 litros/dia, que custa ao redor de R$ 7.500. No mercado existem resfriadores de 150 litros/dia para cima, com um preço mais em conta”, explica.
O Paraná produz 10% do total de leite estimado da produção nacional, que é de 270 bilhões de litros. |
Pfau informa que o Paraná tem 114.488 produtores de leite, dos quais 55,3% produzem até 50 litros por dia, o que caracteriza uma atividade familiar. “É a única atividade no meio rural que gera renda diária. O cheque do leite, no final do mês, principalmente para as pequenas propriedades, paga o custeio da família e movimenta o comércio local. Daí a razão dos produtores se preocuparem em investir na atividade para obter sempre a qualidade necessária”, diz.
O coordenador diz que existem linhas de crédito para o investimento e que tanto produtores quanto indústrias e cooperativas precisam tomar todo o cuidado com o leite comercializado devido à instrução normativa 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Eles contam com linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para modernizar a propriedade.
Sobre a instrução normativa 51, em vigor desde 2005, foram divulgados padrões mínimos de qualidade para o leite cru refrigerado, leite tipo B e leite tipo A. O leite precisa passar por diversas análises, como, por exemplo, contagem bacteriana total, antes de chegar à mesa do consumidor”, explica. (FL)
Estado tem a melhor raça leiteira: a holandesa
A principal raça de bovino utilizada para o mercado leiteiro é a holandesa. No Paraná, graças a imigração de holandeses e ao clima propício, a vaca holandesa encontrou um excelente terreno para o seu desenvolvimento pleno.
“Uma vaca holandesa em período de lactação pode gerar leite por aproximadamente um ano. Em média, essa raça produz sete mil litros/ano. Esse animal é o mais procurado por aqueles que trabalham nesse ramo.
Uma novilha prenha de boa procedência, controle de informação e com excelente genética, pode chegar a R$ 12 mil, todavia, o retorno financeiro é rápido”, afirma o veterinário da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), Pedro Guimarães Ribas Neto. Segundo o veterinário, a raça holandesa tem um desempenho bem superior ao de outras raças, como a jersey e a pardo-suíça.
“A produção diária de uma vaca holandesa é de 8,131 quilos de leite, enquanto a pardo-suíça produz 6,596 quilos e a jersey 5,420 quilos. A vaca holandesa é um animal fácil de se tratar e se adaptou bem em todo o Estado, mesmo em regiões mais quentes, como o norte e noroeste do Paraná”, informa. (FL)