A hidrelétrica do Fundão teve suas obras iniciadas a poucos dias. |
Maior produtor de energia elétrica do país, o Paraná exportou para outros estados no ano passado aproximadamente 80% da eletricidade gerada em suas usinas. Ou seja, dos quase 76 bilhões de quilowatts-hora gerados em 2003 – incluindo produção de usinas de rios limítrofes, como é o caso de Itaipu e aquelas localizadas no rio Paranapanema -, cerca de 20,7 bi foram consumidos pelo mercado local. Os outros 55,3 bilhões de quilowatts-hora restantes foram destinados ao sistema interligado Sul/Sudeste/Centro-Oeste, para suprimento às necessidades de outros estados. Só a Companhia Paranaense de Energia (Copel) contribuiu com 16,6 bilhões de KWh de energia gerada no Estado.
Apenas no território paranaense – excluindo, portanto, as usinas de rios limítrofes -, a potência instalada é de 7.048 MW (megawatts). Incluem-se nesse cálculo a capacidade da Tractebel (ex-Eletrosul) – com cerca de 2.500 MW -, da Copel – com 4.550 MW – e de outras empresas auto-produtoras.
De olho no mercado consumidor e atenta ao aumento da demanda, a Copel está fazendo investimentos de quase R$ 400 milhões no Complexo Energético do Rio Jordão, da Elejor, empresa cujo controle foi recentemente adquirido pelo governo do Paraná, com a compra de 70% das ações da empresa. São duas hidrelétricas que já estão em processo de construção: a primeira é a Santa Clara, com potência instalada de 120 megawatts e que será inaugurada no segundo semestre de 2005. A segunda é a usina Fundão, também com capacidade de 120 megawatts, que deverá começar a operar em 2006. Ambas estão localizadas na região central do Estado, entre os municípios de Candói e Pinhão.
As duas hidrelétricas vão se juntar às outras 18 usinas (17 delas hidrelétricas) instaladas pela Copel em todo o Paraná. Mas as obras não param por aí. A Copel está iniciando estudos para dimensionar a viabilidade técnica, econômica, ambiental e energética de outros quatro aproveitamentos: dois no Rio Tibagi, em Mauá e Telêmaco Borba; outro no Baixo Iguaçu, nas imediações de Capanema e o último no Rio Chopim, entre Pato Branco e Itapejara do Oeste.
A preocupação em viabilizar estudos para a construção de novas usinas tem motivo: o setor elétrico trabalha com projeções de cinco a dez anos, pois os projetos e as obras demandam tempo. "A energia que não é providenciada hoje dá condições para que o racionamento se torne realidade amanhã", ponderou o presidente da Copel, Paulo Pimentel. Nesse sentido, a Copel vem dando exemplos de que tem capacidade de sobra para atender o mercado. Em 2001, por exemplo, no auge do racionamento energético no País, as 18 usinas geraram juntas 24,3 milhões de MWh, contra um consumo interno de 20,3 milhões de MWh. O excedente de 4 milhões de MWh foi despachado para uso em outros estados.
"Esse invejável potencial de produção construído pela população do Paraná nos valeu ficar de fora, junto com Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de um racionamento que atingiu quase todo o País e cujos efeitos ainda estão sendo sentidos", comentou Paulo Pimentel. "Não racionamos energia quando o Brasil precisou economizar em 2001 e ainda geramos excedentes", lembrou.
Demanda
Na comparação de janeiro a setembro de 2004 sobre o mesmo período de 2003, o crescimento da demanda de eletricidade da Copel foi bem discreto: de 1,8%. Isso porque em 2003 a Copel atendia consumidores que se enquadravam na categoria ?lives? – especialmente indústrias -, que buscaram outras fontes de energia e deixaram de comprar da Copel. Se expurgados da base de cálculo os consumidores que deixaram de ser clientes da empresa, o crescimento salta para 5,7% no período. Apenas o consumo do segmento industrial cresceu 8,8%, o que reflete a retomada da economia. "É um índice (5,7%) perfeitamente suportável para a Copel, e desde já estamos providenciando a expansão da energia no Paraná para os anos vindouros", destacou Pimentel. "A Copel está atenta ao comportamento do mercado consumidor, com vistas para se preparar em tempo hábil para melhor atender a demanda do mercado do Paraná, sempre aos menores custos do País", arrematou.