Com alta de 5,2% nas exportações de janeiro a novembro de 2005, totalizando US$ 9,2 bilhões, contra US$ 8,7 bilhões do mesmo período do ano passado, os produtos industrializados foram os principais destaques nas vendas do Paraná neste ano. Segundo o secretário da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, Virgílio Moreira Filho, os produtos com maior valor agregado já representam mais de 65% das exportações totais.
?Nosso principal produto, a soja em grão, teve queda de 26,34% neste ano, seguida da soja em bagaço, segundo produto da balança comercial do Estado – com queda de 20,36%. Outro exemplo vem também do milho em grão, com expressiva diminuição de 86,85% sobre 2004.? O secretário acrescentou que a diminuição de produtos primários na balança comercial é fruto de uma política estadual que visa o incremento e a descentralização industrial. ?Investir na industrialização garante mão-de-obra especializada, mantém o homem no campo e proporciona qualidade de vida por todo o Estado?, disse Moreira Filho.
Embora o complexo soja continue liderando a pauta de exportações, com valores de US$ 2,5 bilhões, foram os produtos industrializados que ganharam força, a exemplo do setor automotivo com US$ 1,6 bilhão, segundo setor da balança comercial. Durante o ano, alguns produtos tiveram destaque, com altas significativas. Motores a explosão (612%), papéis revestidos (528%), chapas e barras para construções (496%), chassis com motor a diesel (331%), alimentos preparados e congelados de frango (211%), entre outros.
Para o coordenador de Assuntos Internacionais e do Mercosul, Santiago Gallo, a visão do Paraná como um Estado eminentemente agrícola está ficando para trás. ?Ao contrário do governo federal, que busca apenas a estabilidade monetária, o governo estadual prega a política desenvolvimentista promovendo a cultura exportadora inclusive para o pequeno e médio empresário. Os resultados surgem de modo imediato nas exportações do Paraná?, concluiu.
Serathiuk contesta
O delegado regional do Trabalho, Geraldo Serathiuk, diz que é absurda a declaração da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, com críticas ao governo federal e se apropriando de todos os méritos pelos aumentos e mudança do perfil das exportações do Paraná.
De acordo com Serathiuk, desconhecer que a expansão das exportações no Paraná são ancoradas pelos investimentos de capital próprio do setor privado ou, majoritariamente, pelas linhas de crédito dos bancos públicos federais, que operam os fundos de poupança dos trabalhadores, e de incentivos fiscais do governo federal e que tem apoiado as exportações e os arranjos produtivos, é no mínimo irresponsabilidade técnica e política. ?Além de tudo, eu sei que setores estão gerando empregos no Paraná e as políticas sociais, de crédito e fiscais estão injetando recursos na economia do Paraná e gerando empregos?, diz o delegado do Trabalho.
Meta do governo para este ano já foi alcançada
A meta do governo brasileiro de exportar US$ 117 bilhões neste ano de 2005 foi alcançada anteontem. Com isso, a meta foi superada quatro dias antes do fechamento da balança comercial de 2005. O resultado final da balança comercial brasileira será divulgado na segunda-feira pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan.
O Banco Central revisou para cima a projeção para as exportações de 2006, que subiu de US$ 123 bilhões para US$ 124,5 bilhões. Com isso, o superávit comercial de 2006 passou de US$ 34 bilhões para US$ 35,5 bilhões.
A expectativa para as importações foi mantida em US$ 89 bilhões. É esse desempenho que irá sustentar o balanço de pagamentos, segundo o Relatório de Inflação do Banco Central, divulgado ontem.
Até a quarta semana de dezembro – dia 25 -, a balança acumulava um superávit de US$ 44,007 bilhões, contra US$ 33,040 bilhões de 2004. Além disso, significa um crescimento de 33,2% sobre o saldo do mesmo período do ano passado.
A uma semana de encerrar o ano, o saldo comercial alcança a previsão para o ano feita pelo mercado financeiro, que é de US$ 44 bilhões.
As vendas ao exterior chegam a US$ 116,314 bilhões, um crescimento de 22,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. As importações crescem a um ritmo um pouco menor, 16,9%, e chegam a US$ 72,307 bilhões (22,7%).
AEB projeta desaceleração nas vendas externas
São Paulo (AE) – A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) tem estimativas pouco animadoras para a balança comercial em 2006. A entidade projeta alta de 2,8% nas exportações, para US$ 122,1 bilhões, uma forte desaceleração quando comparada ao crescimento das vendas externas registrado em 2005 (ao redor de 23% ante 2004). O aumento estimado das importações para 2006 é de 9% sobre 2005, para US$ 80,3 bilhões. Esses números resultam em superávit comercial 7,3% inferior ao de 2005 (estimado em US$ 45,0 bilhões), em US$ 41,7 bilhões.
Os produtos básicos e semimanufaturados serão os responsáveis pelo pequeno aumento (2,8%) previsto para as exportações, segundo o diretor-executivo da AEB, José Augusto de Castro. Para ele, as vendas de manufaturados, ao contrário, devem cair. A entidade estima que, em 2006, as vendas externas de básicos crescerão 8% ante 2005, para US$ 37,6 bilhões. Os semimanufaturados terão alta de 3,9% para US$ 16,5 bilhões, enquanto as vendas de manufaturados cairão 0,4%, para US$ 65,3 bilhões.
Na ponta importadora, a AEB estima crescimento de 15,6% nas compras de bens de capital em 2006, para US$ 17,8 bilhões. A aquisição de matérias-primas e bens intermediários no Exterior deve atingir US$ 42 bilhões, uma variação positiva de 10,5% ante 2005. O crescimento estimado pela AEB para as importações de bens de consumo é de 14,1% sobre 2005, para US$ 9,5 bilhões, enquanto as compras externas de combustíveis e lubrificantes devem cair 8,1%, para US$ 10,9 bilhões.
O real apreciado levou cerca de 1.000 pequenas e médias empresas brasileiras a deixarem de exportar, um cenário que deve se manter em 2006, segundo as projeções da AEB. ?As exportações de manufaturados abaixo de US$ 300 mil, realizadas por pequenas e médias empresas, mostram clara perda de fôlego, situação que também deverá ocorrer, de forma pontual, com outras grandes empresas exportadoras de produtos manufaturados?, afirmou o executivo.
O pior desse quadro, de acordo com Castro, é que a queda da participação das empresas de menor porte na pauta exportadora torna ?inócuos os esforços e investimentos públicos e privados desenvolvidos para conquistar mercados externos, além de jogar por terra a incessante busca para a criação da cultura exportadora?, finalizou o executivo.