Paraná é líder na produção de seda

A produção 2009/2010 de seda no Paraná confirmou o Estado como o maior produtor do tecido em todo o Brasil. Segundo relatório divulgado pela Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), na safra dos dois últimos anos o Paraná foi responsável por 92,3% da produção nacional. O segmento agroindustrial da seda participou com mais de R$ 27 milhões na formação do Produto Interno Bruto (PIB) paranaense, gerando, assim, cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos.

Para Oswaldo da Silva Pádua, técnico agrícola do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), órgão ligado à Seab, vários fatores contribuem para o bom desempenho do Paraná nesse segmento. “Temos situações climáticas positivas para a cultura do bicho-da-seda no Paraná, assim como condições de solo para a criação de amora”, explica. A folha de amoreira é o alimento ideal para a Bombyx mori, o bicho-da-seda.

Além das condições climáticas, o Paraná se destaca pelo trabalho na parceria entre Estado e municípios. “Isso propicia o avanço da cultura, pois conseguimos a organização do setor produtivo com outras entidades ligadas à seda”, afirma. As discussões ocorridas na Câmara Técnica do Complexo Seda do Estado também são consideradas pelo especialista como favoráveis ao produto no Paraná. “A cada três meses nos reunimos com todos os segmentos para discutir avanços e dificuldades do setor. Isso traz mais um ponto positivo para a produção de seda no Paraná. Sentamos para encontrar melhorias com o setor produtivo, comercial e público”, diz.

Entre os 399 municípios do Paraná, Nova Esperança ganha destaque em âmbito nacional. A cidade, com 25.729 moradores, segundo Censo o 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), localizada no noroeste, é responsável por 15,41% da produção paranaense. Seus 441 sericultores produziram, entre 2009/2010, 632 mil quilos de casulos verdes. “Isso é muito importante. No Paraná 216 municípios produzem seda. Trata-se de uma cultura economicamente viável e socialmente justa”, afirma. Pádua diz ainda que a sericultura é ambientalmente correta e limpa. “Esses são fatores importantes porque o produtor tem a preservação da saúde de sua família”, ressalta o especialista, referindo-se a ausência de venenos nas amoreiras em virtude do consumo por parte do bicho-da-seda.

Contraste

Ao mesmo tempo em que o Paraná lidera a produção de seda no Brasil, Paulo Sérgio Hermínio Lucas, presidente da Federação das Associações de Sericicultores do Estado do Paraná (Feaspar), afirma que houve uma redução significativa de produtores nos últimos 25 anos. Na safra 1992/93 eram 8.354 criadores. Na safra atual o Paraná contabilizou 3.947. “Hoje os produtores vendem apenas para a Abratec (Fiação de Seda Bradac S/A). As demais empresas saíram do mercado nacional”, revela. Atualmente os produtores vendem o quilo de seda por aproximadamente R$ 8. O número de barracões também reduziu significativamente nessas duas safras. Em 1992/93 existiam 10.303 barracões no Paraná, contra 4.338 atualmente.

Questionado sobre as maiores dificuldades no setor, Lucas explica que a escassez de mão de obra está preocupando os sericultores. “O campo está envelhecendo. Os jovens não querem ficar nessa área. Eles estão procurando outros serviços”, diz. O período de entressafra também é apontado por ele como uma dificuldade, pois na sericultura existem oito meses de produção e quatro de intervalo, sem rendimento. “Nesse período ocorre a produção de casulo. Passamos 30% do, ano sem trabalho”, revela.

Cooperativa comercializa diversos produtos

O trabalho realizado pela Cooperativa dos Artesãos de Seda de Nova Esperança (Copraseda), também destaca a produção de seda no Paraná. São 46 mulheres associadas que se dedicam na construção de produtos artesanais a partir de seda secundária. Através da ajuda do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), as associadas conseguiram destacar cachecois, lenços e echarpes em âmbito nacional.

Segundo Lucimari Toscano Moser, uma das cooperadas, o fruto das atividades artesanais rendeu às envolvidas maior renda mensal. “Isso acontece porque os produtos que fazemos aqui são vendidos em feiras de agricultura familiar e até mesmo na internet. Todos esses caminhos auxiliaram o complemento de nossa renda mensal”, afirma a artesã.

Entre as cooperadas estão mulheres ligadas às atividades rurais. “Aqui temos a presença de companheiras cujas famílias já trabalham com a seda, mas temos também outras, ligadas à plantação de cana-de-açúcar e até mesmo com o trabalho em indústrias da nossa região”, conta Lucimari. A participação do Sebrae rendeu à cooperativa a possibilidade de exibição dos produtos feitos em Nova Esperança nos estádios que irão receber jogos da Copa do Mundo de 2014. “Fomos contempladas pelo Sebrae para participar com a disponibilização dos nossos produtos na Copa de 2014. Isso nos deixou muito animadas, pois ficamos entre as quatro cooperativas escolhidas na região Sul para expor na copa”, diz Lucimari.

Para ela, participar de um evento desse porte trará uma grande projeção aos artesanatos feitos em Nova Esperança. “Pessoas de todo o mundo conhecerão e comprarão os produtos derivados da seda do Paraná. É algo inédito para todas nós”, ressalta. Outra parceria, desta vez firmada com o Banco do Brasil, já é realidade. “Na loja virtual do banco pessoas de todo o País podem comprar os nossos produtos. Temos cachecois de Seda pura, de Seda mista feito em tear, e outras três modalidades de cachecol e echarpe. Trata-se de um caminho rápido e prático para quem não pode vir até Nova Esperança”, diz. Os produtos são disponíveis no site www.artisansbrasil.com.br.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo