O Paraná deve dividir com a Espanha a produção do carro mundial da Renault, cujo lançamento está previsto para 2004/2005. A decisão sobre o local de produção do veículo para exportação, prevista para este mês, ainda não foi anunciada pela diretoria mundial da montadora, mas está para sair nos próximos dias. Segundo fontes ligadas à Renault do Brasil, o atraso se deve às pressões dos trabalhadores da empresa no México, Argentina e Turquia, que também disputam o projeto J-77 (sigla dada ao carro mundial). Na disputa interna pela fabricação do veículo, o concorrente mais forte da planta brasileira seria a Renault do México, conforme informações que circulam dentro da empresa.
De acordo com informações de mercado, a maior parte da produção do novo modelo – em torno de 50 mil unidades/ano – ficará concentrada na unidade da Renault em Valladolid, na Espanha. Na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, seriam fabricados cerca de 15 mil automóveis por ano. O Estado apurou que há resistência por parte de sindicalistas europeus em apoiar a concretização do projeto no Brasil, entretanto a maior capacidade instalada da planta paranaense (200 mil carros/ano, operando em dois turnos) seria o fator decisivo na disputa. Hoje, a unidade funciona em um turno e a produção não chega nem à metade da capacidade. A previsão deste ano é produzir 78,7 mil veículos.
“Tem sido constante a ida de funcionários da área de fabricação daqui para Paris para adequar o projeto J-77 ao Brasil”, relata uma fonte da Renault do Brasil. Engenheiros, supervisores e projetistas participam dessas viagens. O lançamento da versão européia do carro mundial está programado para o ano que vem. Já o modelo paranaense deve começar a ser produzido somente em 2005. Não há muitos detalhes técnicos do automóvel. Sabe-se apenas que não será um modelo popular, mas um monovolume para competir com o Meriva, da GM, e com o Fiat Stilo.
Nissan
Aproveitar a capacidade instalada do complexo industrial da Renault do Brasil também está nos planos da Nissan, parceira comercial da montadora francesa. Por enquanto, a marca japonesa divide a produção apenas na fábrica de utilitários, onde fabrica a picape Frontier – nas versões cabine simples e dupla – e o esportivo Xterra, recém-lançado. A meta da Nissan é produzir 10 mil veículos neste ano, sendo 8 mil Frontier e 2 mil Xterra. No ano passado, foram fabricados 3.744 veículos no País. Para produzir os dois modelos, a Nissan investiu US$ 100 milhões na planta, onde a Renault também produz o furgão Master. A fábrica gera cerca de 400 empregos diretos.
Para a Nissan, o lançamento do segundo veículo representa a consolidação da estratégia firmada em 2000 pelo presidente mundial da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn. Na ocasião, ele anunciou a implantação de uma fábrica no Brasil, que fabricaria dois modelos até o final de 2003. “A fabricação do Xterra consolida a Nissan como montadora nacional e é uma demonstração inequívoca de que a empresa está no Brasil para ficar”, diz a assessoria de imprensa. Com o novo modelo, o objetivo é passar de 1% para 1,9% de market share.
Na inauguração da fábrica de utilitários, em dezembro de 2001, Ghosn disse que até 2005 mais três automóveis seriam fabricados no Mercosul, entre eles um carro popular. Segundo a Nissan, ainda não existe nenhuma definição nesse sentido, embora existam vários projetos em estudo. “A Nissan estuda trazer outros produtos para o Brasil, mas não chegou à conclusão de qual projeto é viável e qual vai implantar”, informa a assessoria. Entre as possibilidades analisadas pela montadora, estão a fabricação de carros de passeio na outra unidade da Renault no Paraná (que produz o Clio e o Scénic) e a importação de um sedã médio do México. De acordo com a assessoria, “a Nissan trará novos produtos para o mercado brasileiro desde que os projetos sejam viáveis. A redução do dólar ajuda bastante nos custos operacionais”.
A montadora japonesa também aposta no crescimento das exportações. Neste ano, 100 Xterra irão para a Argentina, mas a empresa reforça que se a demanda aumentar, está preparada para aumentar a produção. Com a assinatura do acordo automotivo bilateral Brasil/México, a Nissan do Brasil confirma que tem grandes chances de fornecer a picape Frontier para o México, conforme antecipado por O Estado na última terça-feira. Outras fábricas da Nissan no mundo disputavam o contrato.