Paraná colhe safra de feijão mais cedo

A colheita de feijão da safra das águas no Paraná já atingiu 64,7% dos 343.531 hectares plantados com a cultura no Estado. De acordo com o levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, divulgado ontem em Curitiba, a colheita está adiantada em relação ao mesmo período do ano passado, quando 48,9% da área com feijão tinha sido colhida.

Os técnicos do Deral informaram que as condições das lavouras de feijão das águas estão desfavoráveis para 64.253 hectares. Isto representa 53% dos 121.152 hectares que faltam ser colhidos. A escassez de chuva também afeta o plantio do feijão da seca, que está atrasado em relação ao ano passado. Em 2005, nesta época, 23% da área já estava semeada. Porém, na safra atual, apenas 14,5% de uma área estimada em 157.070 hectares está plantada.

Segundo o chefe do Setor de Previsão de Safras do Deral, Dirlei Antônio Manfio, o produtor está cauteloso quanto à semeadura do feijão da seca. ?Os produtores paranaenses deverão retomar o plantio somente quando o solo tiver umidade suficiente, que garanta uma boa germinação?, comentou. Manfio lembrou que 69% da área plantada até o momento está em boas condições.

A colheita de soja no Paraná também foi antecipada em relação à safra passada. As primeiras áreas colhidas são de cultivares precoces, que foram semeadas na região de Cascavel em setembro. Nos 8.560 hectares colhidos, que representam 0,2% da área com soja no Estado, a produtividade constatada é de 110 sacas por alqueire paulista, que corresponde a 2.727 quilos por hectare.

As lavouras de soja também são prejudicadas com a estiagem. Até o dia 09 de janeiro, 75% das lavouras estavam em boas condições. Atualmente, 65% delas ainda apresentam condições favoráveis.

No caso do algodão, 69% das lavouras estão em boas condições. A maior parte das lavouras, cerca de 81%, encontra-se entre as fases de floração e frutificação. Na região de Cornélio Procópio, uma pequena área já atinge a maturação.

A colheita da batata também está adiantada e já atinge 76,1% da área de 15.346 hectares. No mesmo período do ano anterior, apenas 58,8% da área plantada estava colhida. De acordo com o Deral, 63% da área com a cultura apresenta condições favoráveis.

Quanto à cebola, a colheita já foi realizada em 93,1% dos 6.825 hectares plantados no Paraná. A operação também está mais avançada em relação a 2005, quando apenas 65,2% da área estava colhida. Segundo Manfio, apenas 36% da área com cebola está em boas condições. ?Cerca de 45% da área plantada está em situação regular e 19% dela apresenta condições ruins?, informou.

A falta de chuva ainda afeta o milho. Até a semana passada, 61% da área plantada no Paraná, que é de 1,5 milhão de hectares, era avaliada como em boas condições pelos técnicos da Secretaria da Agricultura. ?Esta semana, o quadro já se alterou. Cerca de 55% das lavouras continuam em condições favoráveis. Mas 45% delas encontram-se numa situação desfavorável?, disse Manfio.

O chefe do Setor de Previsão de Safras do Deral lembrou que ainda há milho em fase inicial de desenvolvimento. ?Neste caso, chovendo imediatamente, a cultura ainda será beneficiada?, avaliou.

A colheita de milho já ocorre na região sudoeste, que representa 0,8% do total cultivado nesta safra, ou seja, 12 mil hectares plantados entre agosto e setembro do ano passado. Até o momento, a produtividade obtida varia entre 4 mil e 4.200 quilos por hectare. ?Está inferior ao esperado na região sudoeste do Estado. Em condições normais, a produtividade poderia variar de 6.310 a 6.830 quilos por hectare?, concluiu.

Seca leva catarinenses a pedir renegociação de dívidas

Florianópolis (AE) – O diretor-geral e secretário interino da Agricultura de Santa Catarina, Renato Broetto, afirmou ontem que a grande preocupação dos produtores do estado é com relação às dívidas do setor, que já acumulou perdas de R$ 297 milhões por causa da estiagem. Na apuração anterior, de 9 de janeiro, o montante era de R$ 241 milhões. ?Algumas cooperativas terão dificuldades se não forem tomadas providências na área financeira por parte do governo federal?, disse, ressaltando que a situação é pior em relação às pequenas propriedades.

Os produtores querem marcar uma reunião com o Ministério da Agricultura para tratar da renegociação das dívidas, contraídas em 76 mil operações de crédito apenas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Nos dois últimos anos, já foram acertados novos prazos de pagamento também em razão de estiagens.

Broetto participou de uma reunião, a convite da Federação da Agricultura de Santa Catarina, onde relatou que a escassez de água já comprometeu 20,89% da safra estimada de milho, 15% da de soja e 16,9% da de feijão – no total, uma perda até agora de cerca de 1 milhão de toneladas de grãos, além de 16 milhões de litros de leite. Por enquanto, os prejuízos são menores que os registrados no ano passado, ?mas a safra ainda não chegou ao fim?, disse. Com as chuvas de terça-feira, Broetto determinou que fosse feita uma nova avaliação dos efeitos da estiagem. Em Campos Novos, por exemplo, um dos municípios mais afetados, foram registrados 70 milímetros de chuva.

Para amenizar os efeitos da seca, o governo catarinense está investindo R$ 4,5 milhões no Projeto Água da Chuva, da Secretaria de Estado da Agricultura. Em 2005, foram aplicados R$ 2 milhões no projeto para financiar a instalação de sistemas de abastecimento e de reserva de água em 559 propriedades rurais. Outra medida é o financiamento de até R$ 5,3 mil por produtor rural, sem juros. Há também pedidos de recursos para tanques de distribuição de água, para compra de horas-máquina, contratação de caminhões-pipas e perfuração de poços. Até a noite de anteontem, 88 municípios catarinenses haviam decretado estado de emergência.

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