O Paraná registrou em maio o segundo maior crescimento no número de empregos na indústria entre todos os estados, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O índice, comparativamente ao mesmo mês do ano passado, ficou em 3,6%, abaixo apenas do de Minas Gerais (3,8%). A média nacional foi calculada em 0,9%. O parque industrial de São Paulo, o maior do país, cresceu apenas 0,07%.
De acordo com o levantamento, além do Paraná e Minais Gerais, os índices das regiões Norte e Centro-Oeste (4,8%) exerceram as maiores influências sobre o resultado nacional. O setor que mais contribuiu para o crescimento na oferta de empregos nas indústrias paranaenses foi o de confecções, que teve um aumento de 16,3%. O setor de alimentos e bebidas, com variação de 4,2%, também exerceu forte influência, seguido pelo setor de outros produtos da indústria da transformação, com destaque para o segmento de brinquedos, que registrou aumento de 9,5% no número de empregos. Já os setores que apresentaram queda no mês foram borracha e plástico (-7,6%) e calçados e couros (-14,4%).
Entre os locais que mostram perdas de postos de trabalhos, sobressaem Rio de Janeiro (-3,6%), Rio Grande do Sul (-1,1%) e Pernambuco (-4,6%), pressionados pela redução no contingente de trabalhadores em indústrias produtoras de metal (-38,3%), calçados e couro (-6,5%) e alimentos e bebidas (-11,6%).
12 meses
No acumulado dos últimos 12 meses, a liderança entre os estados ficou com o Paraná, que registrou um acréscimo de 2%, enquanto a média nacional foi negativa (-0,9%). Nesse comparativo, só superou o Paraná a média das regiões Norte e Centro-Oeste (2,8%). Logo abaixo das indústrias paranaenses, ficaram as de Minas Gerais (0,8%) e Santa Catarina (0,3%).
No acumulado do ano (janeiro a maio), o Paraná também apresentou bom desempenho, com crescimento de 1,7%, contra a média nacional negativa de 0,3%. Os setores que apresentaram maior variação positiva no período foram alimentos e bebidas (6,5%), vestuário (6,1%) e máquinas agrícolas e equipamentos (6,9%). Já os setores que apresentaram queda no número de empregos foram borracha e plástico (-9,2%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos (-9,7%).
Para a coordenadora da pesquisa do IBGE, Isabela Nunes Pereira, os resultados positivos do Paraná estão relacionados ao dinamismo da agroindústria e às exportações. “Já as quedas estão relacionadas às atividades mais voltadas ao mercado interno, que utilizam mão-de-obra intensiva”, explica.
Horas pagas
O IBGE apontou também que o Paraná ficou entre os líderes em horas pagas no confronto de maio sobre igual mês de 2003. Os melhores desempenhos foram os seguintes: Minas Gerais (4,1%), Região Norte e Centro-Oeste (3,4%) e Paraná (2,8%). O segmento de vestuário, com expansão de 9,6%, mais uma vez, exerceu a maior pressão positiva no Paraná.
A indústria paranaense também foi destaque no indicador que aponta o crescimento real da folha de pagamento no acumulado do ano. Segundo o levantamento, o Paraná liderou a pesquisa com um aumento da massa salarial em 9,5%, sobretudo devido ao setor de alimentos e bebidas (17,9%). A média nacional ficou em 8,8%.
Renda do trabalhador ainda em queda
Embora o emprego industrial tenha registrado alta, o total de salários e outros rendimentos pagos pelo setor caiu 1,1% em maio. Essa é a terceira queda seguida para o indicador, segundo o IBGE.
Para o técnico da área de indústria do IBGE, André Macedo, a redução corresponde a um ajuste da indústria. ?Em janeiro e em fevereiro, o total de salários subiu muito?, disse. Em janeiro, o total de salários aumentou 10,3%. No mês seguinte, cresceu 3,8%.
Na sua avaliação, a renda, em termos gerais, vem apresentando uma recuperação, ainda que mais leve do que o emprego. ?Houve uma recuperação nos salários e a inflação foi menor?, afirmou.
Em relação a maio do ano passado, os dados sobre o rendimento industrial são positivos e se mantêm em alta há sete meses consecutivos. A renda média do operário subiu 6,3% e o total de salários e outros rendimentos cresceu 8%.
Mercado formal
O mercado de trabalho gerou 1,034 milhão de empregos com carteira assinada no primeiro semestre deste ano. Foi o maior saldo de criação de vagas formais desde 1992, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho. Desse total, 207.895 empregos foram abertos em junho – também foi o maior saldo para o mês desde 1992.
O resultado do mês passado foi beneficiado pelo desempenho das atividades ligadas ao comércio e pelo reaquecimento da demanda interna. Em junho, houve saldo positivo de geração de empregos em todos os setores, com exceção do ensino (-0,15%).
“O desempenho de junho foi muito positivo. Ficou acima das nossas perspectivas”, disse o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini.
Por conta desse desempenho, o Ministério do Trabalho revisou para cima a estimativa de saldo de geração de empregos formais para 2004. Em vez de 1,3 milhão de vagas, o ministério agora prevê fechar o ano com a criação de 1,8 milhão de vagas. Ou seja, um aumento de 500 mil postos em relação à projeção inicial.